Na única sondagem recente sobre as eleições presidenciais de 2026 até agora conhecida aparecem nomes (quase) certos, e colados, outros improváveis, os sempre-em-pé e os absurdos. Escrevi em tempos no Observador que o antigo primeiro-ministro Passos Coelho, que me merece o maior respeito e amizade, e a quem o País deve imenso, não será candidato. Já o afirmou vezes sem conta e continua retirado das lides políticas. Logo, o seu nome trazido pela intercampus não faz sentido. Já sentido têm figuras como Marques Mendes, para o apoiante PSD ou Mário Centeno para o PS.

Assim, ficam as seguintes classificações de hipotéticos candidatos, por ordem:

Os improváveis: Ana Gomes, a polémica embaixadora contra o regime do PS já teve o seu momento de glória e não correu bem. Além disso, tem 70 anos. A idade não perdoa a ninguém. Fica melhor no seu papel de comentadora, apesar de as estações estarem a recorrer a figuras cada vez mais jovens. É o que se quer.

António José Seguro, um homem bom e honesto. Jovem, saiu como nunca se viu ninguém no PS, com dignidade na derrota. O candidato a secretário-geral do PS foi – literalmente – “esmagado” pelo seu camarada António Costa. Uma magistratura e um jogo de cintura jamais vistos, absolutamente genial, por parte do atual presidente do conselho europeu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Cotrim de Figueiredo tem um ego desmanchado, acha que tem mais o que fazer, com a condição que tem agora. E de nada lhe serve o liberal partido que ele próprio usou para chegar ao Parlamento português e depois ao Parlamento Europeu. A Carla Castro é a prova viva disso. As mulheres, políticas, nunca se esquecem dos homens enviesados na política. Ou têm coluna vertebral, ou não têm, que perseguem machistamente as mulheres. Eu não me esqueço.

Os absurdos: J. M. Durão Barroso que se fosse peixe seria um “cherne” (Margarida de Sousa Uva, dixit), tem imenso a perder e tem um perfil medroso. Não se arriscaria ao lugar nunca sem ter uma sondagem absolutamente favorável, lembro-me do MRPP e da sua passagem por direito e o episódio Cavaleiro de Ferreira, recontado pelo seu filho Francisco. E não tem, nem terá. Além disso, seria uma humilhação – depois da sua passagem pela comissão europeia – apanhar uma coça nas urnas. Não esquecendo as enormes desvantagens financeiras que teria, com o seu novo casamento.

Santana Lopes: o arqui-inimigo de Durão continua a ser candidato a candidato a tudo. Basta que apareça uma brecha de oportunidade, ele aproveita logo para aparecer. Com o trabalho construtivo que tem realizado na Figueira da Foz, o melhor é continuar a hercúlea tarefa sem nunca desanimar. Temos autárquicas no verão quente de 2025. Além de tudo isto tem uns pesados 68 anos, já bem marcados. Está bem como está e quase a “arrumar” as botas. A idade e a reforma aproximam-se.

Os sempre-em-pé: André Ventura, Catarina Martins, Rui Tavares. Não existem outros rostos “credíveis” e conhecidos, nesses partidos, leia-se com alguma visibilidade (para o bem e para o mal.…) que os possam representar na eleição para presidente da República. Os outros nomes nem os analiso. Zero sentido.

Certos (e) colados: Marques Mendes segue, copiando, os passos perdidos dados pelo atual Chefe de Estado, cujo modus operandi, caiu em desuso. As pessoas e jovens eleitores não ligam aos velhinhos do restelo ou da linha. Ligam às redes sociais. A mensagens curtas e objetivas. Querem saber de problemas resolvidos e não de políticos e de politiquices. Não leem os livros recomendados pelos comentadores (porque os livros custam imenso dinheiro que eles não ganham) e que são formas de publicitar temas e encontrar apoios e patrocínios determinados programas de televisão. As pessoas – especialmente os jovens – estão cansadas de comentadores de comentadores. Para falar de livros, é preciso lê-los. E duvido que o conselheiro tenha tempo para tanta leitura. Tem 68 anos e completa 69 este ano. Na academia, os professores jubilam. Agora, o medo da sombra assola-o e não lhe permite descolar do chão e dar o salto, convertendo-se em candidato a candidato, diria mesmo, grito de Ipiranga.

Certos: Mário Centeno é nome mais provável do lado do partido socialista, desde que as “comadres” se entendam. A ala esquerdíssima do PS e a ala moderada. Zangam-se as comadres e quem poderá beneficiar é o candidato que se apresenta independente, já lá chegamos. Mário José é um benfiquista, um homem afável e de sorriso agradável. É relativamente novo tem 58 anos. Viúvo. Certamente descolará das funções que exerce no banco de Portugal, para tentar a sorte, se conseguir que os portugueses eleitores e os emigrantes nas nossas comunidades o escolham para Belém.

Terá, para isso, que debater as suas ideias com Henrique de Gouveia e Melo. Tem 64 anos, é separado, com uma relação de há anos com uma senhora diplomata. Quem não o conhece, pode considerá-lo austero. Mas não é. Tem um sorriso afável, com olhos que acompanham o sorriso, gosta de conversar sobre a política e as políticas, emociona-se e não tem um problema de imagem nem de visibilidade. Defende o Bem, e acredita que existe uma forma de mobilizar pessoas para este lado da vida. De fazer o bem e defender o bem comum. Aliás, não consegue passar despercebido. É do Benfica por causa do Eusébio e ambos naturais de Moçambique. É muito reservado. Pois é isto que se espera de um potencial chefe de Estado. Não se desejam folclores. Nem selfies a torto e a direito. Nem cenas de “guerras do alecrim e da manjerona” que já tiveram o seu tempo, em 1737 na era d’O Magnânimo Dom João V.

Na verdade, quando, e se LMM descolar, e de facto o PSD o apoiar, terá de mostrar conhecimento e competências, ter a “Bíblia” estudada, a CRP, e na ponta da língua, vai ter de mostrar o que sabe e as suas ideias para o território nacional e defesa dos interesses nacionais, dentro e fora, a vasta comunidade portuguesa. Falando de cena internacional, da proteção do Estado de Direito, na defesa do nosso território – não esquecer que a Europa e o Mundo vivem um cenário altamente ameaçador – acredito que, ninguém melhor do que Henrique de Gouveia e Melo o fará. Centeno pode conhecer a conjuntura macroeconómica e sistemas financeiros internacionais, mais detalhadamente, mas manipula as informações de forma menos rigorosa e não é esse o papel que se espera de um PR, pese embora deva acompanhar a gestão do Governo. O chefe de Estado não é executivo.

Num artigo lido recentemente, o autor menciona vantagem percentual avassaladora para Gouveia e Melo. É simples: a imagem e a sua visibilidade, associados ao serviço que nos prestou e ao País, a defesa do Bem comum, foram garantia disso. É uma personalidade bem conhecida de todos os portugueses, mulheres e homens, residentes, e associamos ao seu perfil afável, o bem que fez por todos. De norte a sul e ilhas. Tive a oportunidade de me cruzar com o seu trabalho nos Açores, quando a convite do presidente do governo regional estive em Rabo de Peixe a trabalhar e a capacitar as mulheres e homens desta freguesia, a mais pobre e abandonada deste País.

Perfis muito diferentes. Luís Manuel Gonçalves Marques Mendes tem 68, quase 69 anos. É um político de carreira, apesar de designar-se advogado. Fala, fala, fala (às vezes engana-se sem ter a melhor evidência científica do seu lado, como foi exemplo algumas palavras ditas (e gravadas) no congresso da associação de indústria farmacêutica, sem qualquer certeza por base). Na verdade, é sempre mais-do-mesmo.pt, por mais simpatia que se lhe tenha (ou não), determinadas instituições convidam-no para que ele possa comentar depois. Os jovens não esquecem e não perdoam, apesar da televisão, não se reveem nesse modelo e ele não os vai agarrar. Mário José Gomes de Freitas Centeno, de 58 anos, tem menos 10 que Mendes, é mais desafiante. Tem um sorriso muito afável, cumprimenta os transeuntes nas suas passagens pela velha baixa. Vai a tascas e não se arma ao pingarelho. É um professor respeitado.

Já Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo tem 64 anos e tem coluna vertebral. É um homem afável, usa uns óculos à “Fernando Pessoa”, é tranquilo, e extremamente observador. Passa por anónimos e cumprimenta. Quando conversa, ouve atentamente, discute e toma a decisão. Foi militar toda a vida. E já não exerce funções militares. O comportamento que esteve associado à sua figura enquanto ex-líder militar, e ex-chefe de estado maior da armada ou comandante naval português, e o respetivo exercício de autoridade, não é sinónimo de autoritarismo. Apenas pensa assim quem é menos informado e desconhece o funcionamento e hierarquia nos militares. Funções à parte, as semelhanças: estes 3 homens são adeptos do Benfica. O que levará os portugueses eleitores e sobretudo os JOVENS que são o futuro do nosso País, a escolher um em detrimento dos outros? Ficam as questões:

Quem ajudou todos indiferenciadamente? Quem não olhou para a cor (ele é – como eu – descendente de negros africanos), ou origem étnica, quem foi que liderou na defesa da saúde pública? Num processo ímpar, quando a ministra da pasta não foi nem seria (nunca) capaz de o fazer? Assistimos, na verdade, à má gestão por parte desse ministério com uma comunicação vergonhosa, razão pela qual Henrique de Gouveia e Melo foi chamado. Foi preciso pedirem ajuda. Os portugueses que não conheciam o almirante que liderou nos incêndios de 2017 – que mataram muitos e com os quais muitos mais sofreram, conheceram-no mais de perto, com a saúde e o processo de vacinação massiva entre fevereiro e setembro de 2021 .

Diferenças: Melo possui uma qualidade que Mendes e Centeno não têm: não abre a boca e não é um fala-barato. LMM comenta política todas as semanas com a amiga Clara, tentando agradar a toda a gente, e Mário Centeno faz comentários regulares sobre a economia – derrapando como fez com a recente estatística do dos jovens que emigram, tentando derrubar o Governo. Gouveia e Melo não fala.

Henrique de Gouveia e Melo está na imprensa diária e isso faz com que alguns alpinistas envelhecidos, queiram trepar em função do grau de proximidade que têm com ele e outros irão com os tempos de glória. Agora uma coisa é certa, nada terá sido validado por Melo. O mais grave ainda é saber que tantos falam nervosamente sobre ele cheiinhos de medo – não sabem bem de quê!

Afinal, a democracia é um regime político em que os cidadãos, no aspeto dos direitos políticos participam igualmente, diretamente ou através de representantes eleitos, na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Logo, o cidadão Henrique Eduardo, tal como os demais, terá o direito de se manifestar e de se exprimir. Sobre os costumes e as políticas, nada diz. Mas dirá.

Tudo a seu tempo e no seu modo.