O Partido Socialista governou o país nos últimos oito anos. Ao fim deste período o país está pior do que estava em 2015, em termos éticos, sociais e económicos. O governo socialista passará à história como um dos piores governos da história da democracia portuguesa. Foi um governo sem qualquer ímpeto reformista, incompetente na maior das áreas sectoriais, profundamente descoordenado e sem qualquer estratégia para o país. Foram oito anos a marcar passo e, nalguns sectores, a retroceder. O legado do agora demissionário Primeiro-Ministro é profundamente negativo.
Comecemos pela parte da ética política. Depois do pântano de Guterres e da bancarrota de Sócrates, agora temos Costa a demitir-se por motivos de natureza judicial. Independentemente do resultado final deste caso, que acresce aos casos dos outros 15 governantes – já incluindo o recém-chegado, mas atrasadíssimo João Galamba – que se demitiram ou foram substituídos no prazo de ano e meio, a recente conferência de imprensa de António Costa é um manual de tudo aquilo que um Primeiro-Ministro não deve fazer.
Depois de passar uma vida política a refugiar-se no confortável “à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”, o Primeiro-Ministro demissionário fez uso do seu estatuto e da residência oficial de São Bento para responder e atacar a justiça. A residência oficial do Primeiro-Ministro foi utilizada para o próprio para se defender de uma investigação autónoma que corre termos no Supremo Tribunal de Justiça e pressionar, dessa forma, a justiça e a investigação em causa. É António Costa a contradizer António Costa em todo o seu esplendor. Porque parafraseando o António Costa original, agora contraditado, este é o tempo da justiça, não é o tempo da política!
Acresce que aquela conferência de imprensa serviu também para António Costa se distanciar ostensivamente do seu até agora leal Chefe de Gabinete e dos enigmáticos setenta e oito mil euros em notas encontrados em São Bento, bem como para terminar publicamente a longa amizade com o seu ex-melhor amigo, que agora parece ter contraído lepra. Precisamente quando aquelas duas pessoas, que o acompanharam ao longo da sua vida pessoal e política, se encontravam detidas e a prestar declarações aos magistrados do Ministério Público. Seria difícil encontrar um melhor exemplo de ingerência da política na esfera da justiça.
Mas os últimos oito anos de socialismo também deixaram uma marca profundamente negativa em matéria social. O PS deixou o Estado social nas ruas da amargura. Não obstante o aumento exponencial da despesa pública e dos gastos do Estado, nunca os serviços públicos estiveram tão degradados. Que o digam os doentes que têm de ir a hospitais, com um SNS em colapso. Que o digam os pais com filhos em escolas sem professores nem aulas. Que o digam os portugueses que recorrem à justiça e que se deparam com sessões adiadas e tribunais parados e ineficientes. Nunca o Estado prestou um serviço tão mau aos seus concidadãos. E nunca os mais desfavorecidos foram tão mal tratados pelo Estado.
Por último, a governação socialista deixa um país que empobreceu face aos restantes países europeus. Se as previsões da Comissão Europeia se confirmarem, o próximo país europeu a ultrapassar Portugal em termos de PIB per capita será a Roménia. A agenda socialista de despesa pública elevada e carga fiscal máxima não só fragilizou o Estado social como penalizou fortemente o crescimento económico e o desenvolvimento do país.
Por tudo isto o PS merece perder as próximas eleições, independentemente de vir a ser liderado pelo moderado José Luís Carneiro ou pelo radical Pedro Nuno Santos. E o país merece um novo fôlego, um novo rumo, um novo ciclo que dê esperança aos portugueses. E que reduza efetivamente a carga fiscal sobre as famílias, recupere o Estado social e o cuidado aos mais desfavorecidos e que crie condições para construir um país mais próspero e mais justo. Como aconteceu nas anteriores crises políticas provocadas pelas demissões de Guterres e de Sócrates, os eleitores serão chamados a dar resposta a mais este colapso socialista. E, como aconteceu em 2002 e 2011, será muito importante para a saúde do nosso sistema político que a direita e o centro-direita tenham novamente a confiança da maioria dos portugueses e possam governar com estabilidade política a partir de 10 de março. Para bem do país!