O país que se celebrizou pelo excesso de rotundas tornou-se ele próprio uma grande rotunda, com indicações confusas e onde é difícil escolher a direção, até porque, como frequentemente acontece nas nossas estradas, as indicações que surgem a um dado ponto do caminho rapidamente desaparecem sem deixar rasto.

É assim que está o país a três meses de eleições. António Costa falhou. A geringonça falhou. Bloco de Esquerda e Partido Comunista deixaram os socialistas a meio da legislatura. As circunstâncias não podem ser mais favoráveis à afirmação de uma alternativa à direita. Os portugueses clamam por estabilidade e têm diante dos olhos o falhanço da solução à esquerda. Mesmo assim as primeiras sondagens mostram que, perante o cenário político atual, os portugueses optam pelo mal menor, António Costa.

É um retrato do momento que devia fazer tocar as campainhas à direita. Sobretudo no PSD. O que é que o maior partido da oposição tem para dizer às pessoas que procuram uma alternativa política clara, consistente, duradoura e mobilizadora? Que vai dar a mão a António Costa? É isto? O Dr. Rui Rio acha mesmo que isto mobiliza alguém?

Entretanto, António Costa vai fazendo o seu tricot político e propõe ao país o jogo das cadeiras. Se ganhar vai colocar as cadeiras do poder a jogo e quem se conseguir sentar primeiro torna-se o seu parceiro político. Desta vez não há esquisitices, o primeiro-ministro que fazia juras de amor à esquerda, a sua paixão de juventude, passou agora a ser um político maduro que está disponível a flirtar à direita.

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Aos cenários políticos regressam agora soluções falhadas do passado. Governos minoritários, geringonças 2.0 e blocos centrais. A instabilidade passou a chamar-se miniciclo e o que parece cada vez mais certo, se à direita não surgir uma alternativa clara, é que a instabilidade política nos conduza ao abismo.

A gravidade do momento pede soluções arrojadas e corajosas. Quem não arrisca não petisca, como nos provou recentemente Carlos Moedas. Discursos mariquinhas e à defesa não convencem ninguém. O PSD tem obrigação de se apresentar a estas eleições com uma proposta ganhadora sob pena de, se não o fizer, se tornar um partido irrelevante, que não tem respostas para o país quando o país mais precisa.

Esta é a única forma de sairmos da grande rotunda em que o país se está a transformar. Deixem lá a conversa de quem casa com quem e ponham a esperança e a ambição em cima da mesa. Neste momento pouco importa o que acontece ao Ventura, à Catarina ou ao Jerónimo. Os portugueses querem é saber como é que o PSD pretende retirar o país da cauda da Europa e dar a volta à nossa economia anémica. Que respostas tem para enfrentar os problemas do serviço nacional de saúde e assegurar a sustentabilidade da segurança social. Como pretende enfrentar o inverno demográfico e de que forma pensa tornar este país atrativo para jovens.

Os portugueses esperam um rumo claro, não querem acabar às voltas na rotunda.