8h – Despertar e voltar a dormir;
10h12 – Chocapic, racionar o papel higiénico, tomar banho (para quê?!) e mudar a areia do gato;
11h05 – Ensinar os filhos – ele com três anos e ela com sete – a jogar FIFA;
11h37 – A berraria dos putos, aliada à histeria provinda da televisão (by Cristina da Malveira), leva-o, por exclusão de partes, a confraternizar com a sogra, sem que antes mergulhes a alcoviteira da velha num bidão de álcool etílico, pelo sim, pelo não;
12h21 – Confirmas que ainda há papel higiénico na dispensa;
13h – Almoçar e ouvir o António Costa a referir, após o 19273 caso de infecção, que ainda é prematuro encerrar fronteiras;
14h18 – A tua mulher recusa-se a fazer amor contigo porque os “miúdos e a minha mãe podem ouvir”, afirma;
16h – Abres o terceiro maço do dia e envias mensagem ao teu patrão: “Não posso ir mesmo trabalhar? Eu responsabilizo-me por qualquer coisa que me possa acontecer.” Não obténs resposta alguma;
17h47 – Após uma ligeira sesta, nova investida na esperança de fazer amor com a tua mulher. “Não me chateies, merda! Daqui a pouco tenho de dar banho à minha mãe e fazer o jantar”, responde;
18h – O gasto de papel higiénico encontra-se na média: indisposições e eventuais diarreias estão controladas;
19h12 – A tua sogra insinua que lhe escondeste a dentadura, a tua mulher pede-te para não pores os pés em cima do sofá, os teus filhos exigem-te cheesecake de mirtilo e tu voltas a enviar mensagem ao teu patrão;
20h34 – Contas o número de folhas do pinheiro-bravo à frente da tua casa: 1288;
22h00 – Resolves cantar “Iron Maiden” à janela. Do outro lado da rua respondem: “Olhe que eu chamo a polícia!”;
22h12 – Telenovela da TVI e 72ª mensagem enviada ao teu patrão;
22h24 – 5º maço de tabaco do dia;
00h – Preliminares com a tua mulher abruptamente interrompidos porque te esqueceste da sogra dentro do bidão de álcool etílico;
00h46 – Jack Daniel`s (check!), duas ganzas (check!), handjob (check!), dentadura da velha reposta no lugar (check!), papel higiénico numa gaveta sem humidade (check!), xixi e cama. O gueto do vírus terá amanhã novo capítulo, aguardando duas simples coisas: “Que a puta da minha sogra faleça e que o meu patrão me diga para voltar ao trabalho, nem que não me pague, foda-se!”.
Vá, tentem não entrar em colapso mental, sem que para isso a taxa de natalidade aumente muito. Um bocadinho chega. Saudações “coronavirianas”!