O PSD teve a sua pior derrota de sempre. Dos piores resultados alguma vez obtidos, a que se somaram a maioria absoluta do PS, e o aparecimento e crescimento de partidos que ocupam parte do espaço do PSD.

Rio e o seu núcleo duro falharam a toda a linha. E foram avisados – muitas vezes, por várias pessoas – a que resultado o seu caminho conduziria.

Rio falhou em 3 dimensões: Conteúdo, Ideologia e Métodos.

O CONTEÚDO. Após 4 anos de presidência do PSD, continuamos sem saber o projeto de Rio para o país, ou que causas defende. Nem projeto reformador para transformar Portugal, nem projeto de esperança, nem defesa de causas, nem mesmo propostas sectoriais relevantes. Mais depressa nos lembramos do nome do gato de Rio, do que de uma proposta que tenha apresentado, ou causa que tenha abraçado. Rio abdicou de fazer oposição ao PS, e nunca se apresentou como alternativa.

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A IDEOLOGIA. O PSD, quando foi grande, nunca colocou a Ideologia no centro do debate político, mas sim as suas ideias e propostas concretas. O destaque dado a este ponto, aliado à pureza ideológica que Rio tentou impor, do “Partido ao Centro”, afastou muitos do PSD. Pior. Aliado à ausência de ideias e propostas, criou condições para o surgimento de vários partidos mais liberais, ou que se assumem de direita. No PSD da social-democracia à portuguesa sempre houve espaço para quem se considerava de centro-esquerda ou de centro-direita. Havia espaço para social-democratas, para conservadores, para liberais, para democratas-cristãos e, principalmente, para muitos que não se identificavam com ideologias, mas sim com atitudes e propostas concretas. Rio afastou-se e repudiou a direita durante 4 anos. E no dia das eleições, ficou admirado de ter havido “voto útil” à esquerda, mas não à direita…

OS MÉTODOS. Rio nunca quis unir o partido. Foi, aliás, o principal promotor de divisão. Promoveu purgas, “libertando” o Partido de todos aqueles que ousavam levantar a sua voz contra o querido líder. Um a um, excluiu dezenas e afastou centenas. Dirigentes e militantes. Tornou o PSD mais pequeno e amorfo. Ao mesmo tempo que se recusava a fazer oposição, porque fazer oposição não era andar sempre “aos tiros ao governo”, alimentava as guerras internas, vendo “moinhos” em todos os que tinham opinião diferente da dele e era aí, internamente, “picado”, que disparava em todas as direções, os tais “tiros de metralhadora”. Para Costa, nem uma bombinha de carnaval…

Torna-se óbvio para todos que Rio e os rioístas falharam a toda a linha. Está na hora de meterem a mão na consciência e de deixarem o PSD mudar de rumo.

O normal, para qualquer dirigente partidário do mundo ocidental, seria o ter tido a humildade de assumir os erros, e as pesadas derrotas. E sair, logo, e pelo seu próprio pé. Só assim teria demonstrado sentido de Estado e o apregoado desprendimento.

O deixar arrastar o PSD neste marasmo, com um presidente que deixou de ter quaisquer condições para o ser, é penoso demais para o maior Partido da oposição.

Por isso afirmo: Rio devia sair com dignidade, e deixar de prejudicar o PSD.

Sair com dignidade, é sair já.