Existem mais de 120 tipos de tumores cerebrais, cada um com o seu tratamento específico e individualizado. Aproximadamente 71% dos tumores cerebrais são benignos e 29% malignos. Os sintomas mais frequentes de um tumor cerebral podem ser crises convulsivas, dores de cabeça, diminuição da força muscular num dos lados do corpo, confusão mental, náuseas ou vómitos, dificuldade em falar, alterações visuais ou alteração da personalidade ou comportamento.

O diagnóstico de eleição é através da Ressonância Magnética cerebral, na medida em que alguns tumores são de muito difícil visualização numa TAC cerebral. A cirurgia é o tratamento de primeira linha para a maioria dos doentes, sendo que o objetivo da cirurgia é remover o máximo de tumor possível protegendo as funções críticas cerebrais, a chamada “máxima remoção segura”. Em regra, a remoção completa relaciona-se com um melhor prognóstico e uma maior sobrevida, sendo a cirurgia curativa em muitos tipos de tumores. Em casos específicos, a quimioterapia e a radioterapia/radiocirurgia são usados como suplemento à cirurgia, em especial para tratar tumores residuais ou recorrentes.

Usando as mais recentes técnicas de imagem, monitorização neurofisiológica, técnicas cirúrgicas avançadas e sistema de neuronavegação, é possível realizar os mais complexos procedimentos cirúrgicos com segurança. Entre as mais avançadas técnicas neuro-oncológicas, destaco a fluorescência 5-ALA que, sob uma luz especial com o microscópio, permite diferenciar o tumor do cérebro normal, facilitando uma remoção do tumor mais segura e completa – e aumentando a sobrevida do doente.

A biópsia guiada por neuronavegação é uma técnica mais avançada, cómoda e sem dor para o doente do que a tradicional biópsia. Com a neuronavegação – uma espécie de GPS cerebral – e através de um pequeno orifício no crânio é possível fazer uma biópsia com precisão e menor risco.

Em situações muito particulares, como tumores em áreas que envolvem a linguagem, é possível fazer uma remoção com o doente acordado, de modo a ir testando a sua linguagem à medida que se vai retirando o tumor para evitar sequelas. Em determinados tipos de tumores e localizações específicas, com monitorização neurofisiológica intra-operatória, é possível removê-los sem danificar os nervos e evitar paralisias da face, entre outros.

A maioria dos tumores cerebrais são benignos e podem ser curados com recurso à cirurgia, com uma boa qualidade de vida para os doentes. Em muitos casos de tumores malignos, com um tratamento adequado e atempado, é possível uma sobrevivência longa e de qualidade.

Com a experiência acumulada, as mais avançadas técnicas cirúrgicas neuro-oncológicas e a tecnologia disponível no bloco operatório, o diagnóstico de um tumor cerebral deixou de ser sinónimo de um mau prognóstico e de sequelas neurológicas.

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