Muitos dos Estados europeus mais antigos são monarquias, entre os quais se incluem a Noruega (século IX), a Dinamarca, o Reino Unido, e a Suécia (século X), a Espanha (século XV), os Países Baixos (século XVI), o Lichtenstein (século XVIII), a Bélgica, o Luxemburgo, e o Mónaco (século XIX). Entre estes contam-se os Estados mais desenvolvidos e ricos, onde as pessoas se sentem mais felizes.

Os quatro países onde em 2024 se tinha a melhor qualidade de vida no mundo eram: (1) Dinamarca, (2) Suécia, (3) Suíça, e (4) Noruega. Entre os dez países mais inovadores do mundo em 2024 havia mais monarquias (Suécia (2), Reino Unido (5), Países Baixos (8) e Dinamarca (10)) do que repúblicas europeias (Suíça (1), Finlândia (7), e Alemanha (9)). Entre os oito países mais felizes do mundo em 2024, cinco eram monarquias europeias: Dinamarca (2), Suécia (4), Países Baixos (6), Noruega (7) e Luxemburgo (8). Entre os onze países mais ricos (per capita) na Europa em 2023 seis eram monarquias: Luxemburgo (1), Noruega (3), Países Baixos (6), Dinamarca (7), Bélgica (9), e Suécia (11).

Quando somos chamados a eleger um presidente da república há sempre uma parte importante do eleitorado que não se revê no vencedor das eleições. Por mais que se esforce, o presidente da república não representa todas as opiniões ideológicas do eleitorado pelo qual é eleito. Acresce que hoje em dia, devido à abstenção de metade do eleitorado em Portugal, na realidade só representam 25%. Os chefes de Estado republicanos também intervêm mais na vida política nacional do que os seus congéneres reais, sendo por isso um fator gerador de instabilidade.

Um Estado republicano pode transitar para outra forma de governo; há exemplos que o demonstram. Os Países Baixos foram uma república de 1579 a 1795, e passaram a monarquia desde então (entre 1815 e 1830 em união com a Bélgica e o Luxemburgo, desde 1830 separadamente). A Espanha já foi república entre 1873 e 1874, e entre 1931 e 1982. Só voltou a ser monarquia há 42 anos, tendo sido república durante 51 antes disso.

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Tal como as dos outros Estados-nações mais antigos da Europa, as origens da Família Real portuguesa são anteriores à fundação do Estado: os Bragança eram uma das seis famílias mais importantes do Condado Portucalense (868-1139) e o primeiro duque de Bragança, (Afonso I (1377-1461)), era filho do Mestre de Avis (r. 1385-1433) e neto de D. Pedro I (r. 1357-1367) e portanto descendente direto de D. Afonso Henriques (r. 1139-1185).

A dinastia de Bragança reinou durante quase trezentos anos (1640-1910) com lucidez e resultados apesar das vicissitudes em que nasceu e que teve que enfrentar, tendo tido que vencer a difícil Guerra da Restauração (1640-1668) e tendo tido que derrotar, século e meio depois, as Invasões Francesas (1807-1813), que usou com inteligência estratégica para consolidar as instituições da segunda maior potência do hemisfério americano e nona economia mundial.

Em 1824, no Brasil, e em 1826, em Portugal, o mesmo monarca (D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal (1795-1834)) outorgou aos dois países constituições que instauraram regimes democráticos de sábio equilíbrio entre os órgãos de soberania e de sólidas liberdades cívicas, políticas e económicas que os transformaram duradouramente, pondo-os ao par dos Estados-nações mais avançados do tempo.

A instauração da I República (1910-1926) não atendeu à vontade da maioria dos portugueses. Ao cabo de 36 anos de existência legal e livre, o Partido Republicano tinha obtido um número insignificante de votos aquando das derradeiras eleições (54,000, ou seja 9% de 600,000) da monarquia constitucional (1820-1910), dia 28 de agosto de 1910. A legitimidade democrática da mudança de regime foi, portanto, questionável.

Não admira por isso que, para além de matarem o rei (D. Carlos (r. 1889-1908)) e o herdeiro da coroa (o seu filho adolescente Luís-Filipe (1887-1908)) em 1 fevereiro 1908, tenha sido preciso os republicanos fazerem ainda um golpe militar em 2 outubro 1910, banirem a rainha viúva D. Amélia de Orleães (1865-1951) e o seu filho mais novo D. Manuel II (r. 1908-1910), reduzirem o corpo eleitoral de 600,000 para 250,000 eleitores, fecharem os jornais da oposição, e perseguirem os candidatos dos respetivos partidos, tudo para impedir a restauração da muito enraizada e popular monarquia.

Tal como não admira que a I República tenha tido que ser um regime de partido único, o Partido Democrático, que elegeu 229 em 234 deputados sete meses depois das eleições livres em que a sua persona anterior, o Partido Republicano, tinha eleito apenas 14 em 155…

A pulsão jacobina de esquerda dos republicanos que instauraram a I República não acabou em 1926 nem em 1933 (o Estado Novo foi um regime jacobino de direita). Continua forte desde abril de 1976 quando fundaram a III República (novo jacobinismo de esquerda), inscrevendo na nossa atual Lei Fundamental um artigo antidemocrático, o 288, que impossibilita que haja uma consulta popular referendária sobre o regresso da dinastia de Bragança ao trono.

Como teria evoluído o país se a dinastia de Bragança tivesse continuado no trono até hoje? É matéria de legítimo debate e ponderação. Não se vislumbra no entanto nada que nos tivesse impedido de seguir o caminho dos outros Estados-nações europeus que nunca deixaram de ser monarquias, ou seja, nada que nos tivesse impedido de figurar hoje em dia entre os Estados-membros da UE mais soberanos, ricos, estáveis e felizes.