A Saúde Mental é um assunto que deve merecer a nossa atenção constante, tanto dos actores desportivos, como da sociedade civil. Existe uma obrigação e um dever de o fazer de uma forma consistente, já que ainda permanece bastante oculta e estigmatizada.

A Organização Mundial da Saúde define a saúde mental como um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar as suas próprias habilidades, recuperar do stress do dia a dia, ser produtivo e contribuir para a sua comunidade. A saúde mental implica muito mais do que a ausência de doenças mentais, envolve o bem-estar físico, social e mental.

A sociedade civil deve ter este compromisso na sua agenda, dar visibilidade e consistência ao tema, dar a conhecer, entre outros assuntos, a realidade da saúde mental no desporto de alta competição, reduzir a perceção negativa e o estigma associados a este problema. Também identificar os stakeholders que podem contribuir para a melhor compreensão destes temas e para a concretização dos objectivos para o desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.

Por isso, vale a pena ler a reflexão O Desporto e o País, da Dr.ª Maria de Belém Roseira, porque tanto nesta área como em outras, todos temos um papel a desempenhar! A Saúde Mental no desporto é um tema importante, atual e que deve ser analisado sem subterfúgios. Na época atual, esta área da saúde vem tendo uma relevância inegável. Para o aumento da prevalência destas doenças têm contribuído as tensões de incerteza e insegurança que a vida moderna proporciona, os fenómenos externos, de que é exemplo a pandemia que recentemente atingiu a humanidade, bem como a recusa em aceitar os limites da natureza humana, com as pressões para os ultrapassar.

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Para além das dificuldades na obtenção dos recursos múltiplos necessários para a sua prevenção, a abordagem e os tratamentos, a doença mental conta com uma dificuldade acrescida que é a do estigma social que gera. Por isso as situações são geralmente mantidas em segredo, em fases em que o seu tratamento seria, porventura, mais fácil e, quando explodem, são com frequência invalidantes. No caso do desporto, podem arruinar uma carreira construída com imenso esforço de forma definitiva.

Retirar a carga estigmatizante é importante – e é um dos objetivos pretendidos –, mas a identificação das más práticas que podem conduzir a estas situações é indispensável e conclui-se com este artigo que o olhar e a atenção da sociedade são fundamentais para a prevenção e identificação precoce de práticas, no ambiente desportivo, que possam desencadear a doença.

Devemos estar atentos e ler os sinais do que acontece ao nosso redor, não para interferir naquilo que não nos pertence, mas para suscitar a discussão do que seja objetivamente errado. Apresentar propostas que previnam comportamentos perniciosos e fazê-lo à luz do dia e com uma perspectiva positiva, assente numa recusa comodista que apenas alimenta a indiferença imprópria de sociedades com maturidade.

O principal desafio é a literacia e a normalização do tema da Saúde Mental. Assim, campanhas com os diversos actores e stackolders são fundamentais. O protocolo assinado entre o Instituto Português do Desporto e Juventude e a Cruz Vermelha Portuguesa – com um programa de apoio destinado a praticantes e treinadores(as) que procura trilhar um caminho conjunto de promoção da saúde mental através de apoio psicológico técnico e diferenciado –, ou campanhas promovidas por entidades privadas, como a iniciativa “VIVA! Para lá da depressão”, da Angelini Pharma, que sensibilizam com muita seriedade e responsabilidade social este tema, são excelentes exemplos de cidadania sobre o tema saúde mental – um campeonato que é preciso ganhar!

Luís Alves Monteiro, licenciado em Direito e especialista em Vendas, Comunicação e Marketing, foi atleta de Pentatlo Moderno, tendo representado Portugal nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. É atualmente presidente da Associação dos Atletas Olímpicos de Portugal (AAOP).

Mental é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com a Saúde Mental. Resulta de uma parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) e com o Hospital da Luz e tem a colaboração do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É um conteúdo editorial completamente independente.

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