As sociedades, empresas e famílias vivem momentos que colocam à prova as grandes fragilidades a que estamos sujeitos por via de uma envolvente que é cada vez mais volátil, complexa e incerta, seja pelo contributo dos efeitos pandémicos, políticos, económicos ou sociais.

Se nos últimos dois anos assistimos à necessidade de transformação e adaptação de muitos setores de atividade por via da pandemia, agora vivemos na incerteza do impacto económico que pode resultar do equilíbrio (ou desequilíbrio) entre as grandes potências internacionais, por via dos conflitos políticos e militares conhecidos.

O preço do petróleo disparou, o preço de produtos alimentares, consumíveis e energia vai disparar, o acesso a canais de distribuição alternativos será mais difícil e mais caro, o sistema financeiro internacional sofreu um revés, as bolsas ressentiram-se e tudo isto coloca sérios problemas a toda e qualquer empresa (e seus colaboradores), precisamente porque a incerteza se tornou uma palavra comum, não a longo prazo, mas no dia-a-dia.

Essa mesma incerteza já constava das preocupações de empresários, gestores e trabalhadores, fruto das alterações constantes e substantivas do mundo digital, com particular destaque para o impacto provocado pelo 5G (brevemente pelo 6G) e pela evolução da inteligência artificial. Apesar disso, essa insegurança tem estado a ser colmatada com aprendizagem, evolução tecnológica, implementação de boas práticas, trabalho remoto, orientação para o cliente, etc…

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O respetivo impacto ao nível das profissões é visível. Por força da necessidade de acompanhar esta evolução tecnológica das empresas, muitos postos de trabalho migram para ambientes virtuais. Quem diria, há muito pouco tempo atrás, que as profissões do momento passariam por especialistas em metaverso, segurança cibernética, gestores de avatares, estilistas e designers digitais, etc…?

Bem vistas as coisas, até aqui nada de novo. É um novo paradigma de competitividade a falar mais alto, responsável pela depuração das empresas capazes de oferecer soluções diferenciadoras e sustentáveis, daquelas que têm dificuldades em encontrar modelos de negócio, processos ou formas de interagir alternativas.

Mas quando se soma à necessidade de fazer cada vez mais rápido, melhor e com melhores resultados, um contexto instável a todos os níveis, sem que se conheçam os impactos no dia de amanhã, não há estratégia que aguente. Em face das notícias a que assistimos sobre conflitos militares, guerra de bandeiras, domínio da cadeia de valor das principais fontes de energia, etc.., poderá ser difícil encontrar pontos de tangência com a realidade quando se projeta um plano estratégico para 2023 e anos seguintes.

O turismo, que acaba de assistir ao desanuviamento da maior nuvem negra que já havia conhecido, vê uma outra que se aproxima, sem que se aperceba de que lado está o vento e com que intensidade evolui. A indústria começa a ter mais dificuldade no acesso às matérias-primas e componentes, o que não permite produzir em quantidade, a tempo e horas e com preços competitivos, afetando de forma significativa as suas vendas. Do lado inverso, toda a lógica digital, desde a cibersegurança ao comércio online tenderá a reforçar o seu protagonismo. Também aos media, não lhes faltará protagonismo: na partilha da notícia, na imagem do momento, na reacção em directo, nos comentários infindáveis sobre qualquer assunto.

A verdade é que a economia não sabe medir o pânico dos mercados e consumidores, nem na dimensão nem na duração. Os conceitos de longo, médio e curto prazo deixam de ter significado. O estudo da elasticidade da procura ficará para momentos mais serenos e previsíveis. Os comentadores de economia poderão prever uma coisa e o seu contrário, acertando sempre numa parte da equação.

Por muito que isso custe e se torne repetitivo, este é o tempo de repensar os modelos de negócio e descortinar como se podem manter clientes fiéis, enquanto as sucessivas tempestades decorrerem. As empresas que estiverem mais próximas do mercado, projetarem cenários com maior realismo e assentarem a sua visão na entrega de valor real aos clientes serão aquelas que sairão sobreviventes destes momentos de intempérie.

Num contexto de extrema competitividade empresarial nem todos estão capacitados em dar uma resposta adequada. Mas se as tempestades se sucederem constituindo um “novo normal”, gerando um contexto de instabilidade global permanente, muito poucos estão preparados! Oxalá passe depressa!