Paulo Portas recordou a decisão de Vítor Constâncio em nacionalizar o BPN para justificar o apoio dado ao Novo Banco e à solução proposta pelo Banco de Portugal. O vice-primeiro-ministro considerou que, entre as possíveis soluções para o Banco Espírito Santo, esta foi “a mais aceitável”.
“Podia ter sido proposta uma nacionalização. Já houve um governador do Banco de Portugal que o propôs. O resultado da nacionalização do BPN foi que o contribuinte pagou. Nacionalizar é passar para o contribuinte a fatura do prejuízo”, disse Portas durante uma conferência de imprensa após uma reunião com o ministro da Defesa de Moçambique e candidato presidencial da Frelimo, Filipe Nyusi.
Nas respostas aos jornalistas, Portas fez questão de salientar diversas vezes o exemplo do BPN que, em 2008, se viu envolvido num escândalo de crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais, e que acabaria por ser nacionalizado. “Eu já vi um governador do Banco de Portugal propor uma nacionalização. Qual foi o resultado? Milhares de milhões de euros pagos foram pagos pelos contribuintes. Eram eles os responsáveis? Não. Então porque é que pagaram eles?”
Para o vice-primeiro-ministro, a solução proposta pelo Banco de Portugal é a “mais aceitável” por quatro razões:
“Em primeiro lugar, protege os depósitos e os depositantes, seja qual for o valor. Em segundo lugar, protege o contribuinte que, noutras circunstâncias, foi chamado a pagar o preço de prejuízos ou fraudes com que não tinha nenhuma relação. Em terceiro, salvaguarda postos de trabalho numa instituição importante do sistema financeiro. Quarto, evita ruturas de crédito na economia no preciso momento em que a economia mais precisa da continuação desse crédito e contribui para a estabilidade do sistema financeiro como um todo.”
Questionado sobre o Conselho de Ministros que se realizou ontem, ainda que sem reunião formal, Paulo Portas respondeu em tom irónico: tratou-se de um “e-Conselho de Ministros”, já que “estamos no século XXI”. “Em questões urgentes pode-se pedir a opinião dos ministros e a sua concordância pelo diploma por via eletrónica desde que todos os ministros sejam ouvidos”, esclareceu.