O primeiro-ministro francês Manuel Valls apresentou esta segunda-feira a sua demissão ao presidente francês, François Hollande. Hollande já pediu ao primeiro-ministro demissionário para apresentar amanhã a constituição do novo Governo, avança o Le Monde. Segundo um comunicado de imprensa do Palácio do Eliseu, François Hollande pediu a Valls para “constituir uma equipa que seja coerente com as orientações que ele próprio [Hollande] definiu” para a França.
Manuel VALLS a présenté au Président de la République la démission de son Gouvernement pic.twitter.com/5kijTGCO06
— Élysée (@Elysee) August 25, 2014
De acordo com o Le Parisien, durante a reunião em que anunciou a Hollande a sua demissão, Valls tê-lo-á feito em jeito de ultimato: “Ou ele ou eu! Se te recusares, vais ficar sem mim!”. Hollande, entretanto, já terá reagido a esta crise que estalou no dia da rentrée política francesa. Na ilha francesa de Sein, onde se encontra por ocasião do aniversário da libertação, o presidente disse que “não há nenhum problema que não se possa superar”.
O fim-de-semana passado foi agitado para o governo de Valls, que, de acordo com o Le Monde, esteve em funções durante 147 dias. No domingo, o ministro da Economia, Arnaud Montebourg, deu uma entrevista onde pediu um regresso às políticas de incentivo económico prometidas por Hollande na campanha de 2012 e afirmou que estava na altura de a França “dar prioridade à resolução da crise e deixar para segundo plano a redução dogmática do défice, que nos conduzem à austeridade e ao desemprego”.
O ministro acrescentou que é necessário resistir à “obsessão” alemã com a austeridade e de promover políticas alternativas em toda a zona euro que permitam o consumo às famílias. “A França é a segunda maior economia da zona Euro, a quinta maior potência mundial, e não tem a intenção de se alinhar, senhoras e senhores, com as obsessões excessivas dos conservadores alemães”, disse Montebourg.
O ministro da Educação, Benoît Hamon, defendeu as declarações do seu colega. “Arnaud e eu não somos rebeldes, o nosso problema não é o de assumir a liderança. A nossa vontade é a de estar ao serviço da esquerda e de a fazer pesar no Governo”.
Nas fileiras da oposição, Luc Chatel, secretário-geral da UMP, partido de Nicolas Sarkozy, fala numa crise política “séria”, da “total responsabilidade de François Hollande”. No site do partido, Chatel escreveu que a situação “é grave, pois indica uma paralisia da esquerda que está no poder, sem maioria política, e que é incapaz de fazer frente à situação de emergência económica. É grave, pois enfraquece o nosso país”.