“Até agora em Portugal tem existido aquela dicotomia entre o voto útil, que é para mudar o governo e pôr lá outro primeiro-ministro e um voto, que pode ser por convicção, mas que, às vezes, lhe chamam inútil porque não permitiria essa mudança de governo e até constituir um obstáculo”, disse à agência Lusa.

Segundo o membro do grupo de contacto (órgão executivo) do partido, uma expressão eleitoral significativa no “partido da papoila”, nas futuras eleições legislativas, seria além da “disponibilidade que existe de não só influenciar uma governação como de participar nela – controlá-la, fiscalizá-la, não deixar que uma maioria absoluta de um só partido leve tudo à frente e tenha primazia sobre as outras instâncias de deliberação – transformar o voto no Livre num voto duplamente útil”.

“Serve para mudar o governo que lá está, ter um novo governo e, acima de tudo, ter um governo melhor, que seja mais fiscalizado e tenha mais qualidade nas suas políticas para uma legislatura de quatro anos”, continuou.

Os cerca de 175 congressistas reunidos no Centro Cultural Olga Cadaval aprovaram seis moções específicas e uma estratégia, da responsabilidade do grupo de contacto, que contempla a continuação do diálogo com outras forças políticas à esquerda.

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Exemplo serão as intervenções do candidato a secretário-geral do PS António Costa, que derrotou António José Seguro e se propõe ser o próximo líder de um futuro executivo, bem como da antiga deputada do BE Ana Drago (Fórum Manifesto) e de Paulo Fidalgo (Renovação Comunista).

“Esta possibilidade de outros partidos, congéneres com os quais partilhamos valores, princípios e ideais falarem no nosso congresso, existe noutros países há muito tempo. Não estamos a reclamar para nós os louros de inventar a pólvora. Em Portugal, parece que, não é a pólvora, mas, pelo menos a roda. Nunca tinha acontecido, poderem dar a sua mensagem em congressos de partidos que lhes são vizinhos”, congratulou-se.

Rui Tavares desejou que a iniciativa se transforme numa “nova normalidade”, pois, “provavelmente, outro partido ou organização devolverá o convite e, a partir daí, isto tornar-se-á normal e é importante para a esquerda que assim seja”.

“Temos uma eleições já no próximo ano para as quais precisamos construir um movimento democrático e progressista que possa catalisar muita gente que não está satisfeita com a vida política e partidária mas que quer muito contribuir para mudar a governação do país. É um dos muitos aspetos da conversação que temos tido com a Fórum Manifesto ou a Renovação Comunista”, explicou.

O dirigente do Livre destacou ainda a presença do atual presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

“É, neste momento, o primeiro candidato declarado a primeiro-ministro. Sendo de um partido que nos é vizinho – nós estamos no meio da esquerda, o PS é de centro-esquerda -, queremos ouvir o que nos tem a dizer sobre como se vai governar daqui para a frente e derrotar a austeridade, contendo os constrangimentos dos últimos anos, podendo recuperar progresso, justiça social ou até construir novo aprofundamento da democracia e justiça social para o futuro”, disse.

“Juntar Vontades, Fazer Futuro” é o mote da reunião magna do Livre, entre as 09:00 e as 19:00, oito meses depois do Congresso Fundador.

O Partido Livre foi legalizado pelo Tribunal Constitucional em março, a tempo de concorrer às “Europeias2014”, nas quais se afirmou como a sexta força política em Portugal, tendo PSD e CDS-PP participado em coligação, com 2,2% dos votos, correspondentes a 71.602 eleitores.