O ministro da Administração Interna anunciou este domingo a sua demissão do cargo, numa declaração de três minutos lida aos jornalistas.
“Apesar de não ter qualquer responsabilidade pessoal” no caso dos vistos Gold, disse Macedo, “no plano político as circunstâncias são de natureza distinta”. “O ministro da Administração Interna tem de ter sempre uma forte autoridade para o exercício pleno das suas responsabilidades. Essa autoridade ficou diminuída, pelo que tomei a decisão de apresentar ao primeiro-ministro a minha demissão, que foi hoje aceite”. A demissão foi anunciada “em defesa do Governo e da autoridade do Estado”.
No seu discurso, Macedo justificou a saída com a defesa “da autoridade do Estado”. E explicou os três dias de suspensão da decisão, que levou a Passos na quinta-feira, por ter aceite “fazer a reponderação que generosamente foi pedida”. Ficou também o agradecimento a Passos: “Pelo apoio que sempre me dispensou”, disse.
O agora ex-ministro começou o discurso garantindo o “respeito pela separação de poderes”. “Deve ser investigado o que tiver de ser investigado”, e os responsáveis devem ser punidos. Disse ainda não ter “qualquer responsabilidade na atribuição de vistos. Tenho pautado a minha conduta pelo respeito pela lei. Não sou responsável por nada”, disse.
Uma rede com um ministro ao lado
Miguel Macedo foi o responsável pela recondução do diretor do SEF, agora acusado de corrupção passiva. E tem sido referenciado na imprensa por ter sido sócio de Jaime Couto Alves, na Projects & Business, também suspeita de angariar clientes para a rede que agora foi identificada pela PJ. É ainda sócio num escritório de advogados com outra arguida, Albertina Gonçalves, até aqui secretária-geral no Ministério do Ambiente.
Miguel Macedo, que foi apanhado nas escutas, terá tido o seu gabinete investigado pela PJ na quinta-feira, devido a uma nomeação de um oficial de ligação do SEF que era suposto ir para a China, para prevenir esquemas deste tipo, mas cuja nomeação esteve parada no MAI há oito meses, diz o Correio da Manhã.
No sábado, Marques Mendes, seu amigo, disse na SIC que só Macedo poderia dizer se se sente com “condições políticas” para continuar, dizendo que o considera despegado do poder.