A Microsoft anunciou esta quinta-feira que há 11 portugueses na lista mundial dos 800 Professores Inovadores e duas escolas portuguesas no restrito grupo das 150 escolas em todo o mundo que se destacam pela inovação e utilização de tecnologias no ensino e na aprendizagem.

O colégio privado Monte Flor, em Carnaxide, e o Agrupamento de Escolas de Freixo, em Ponte de Lima, foram as escolas distinguidas para integrar a elite das Showcase Schools, que se destacam pela forma como introduzem as mais recentes tecnologias em contexto de sala de aula para promover práticas pedagógicas inovadoras e alinhadas com as competências do século XXI, pode ler-se em comunicado divulgado pela Microsoft.

Luís Fernandes, diretor do Agrupamento de Escolas de Freixo, sublinhou ao Observador que esta é a terceira distinção recebida pelo agrupamento devido à forma como as escolas “utilizam a tecnologia para apoiar os alunos e dar-lhes competências”. Este reconhecimento “além fronteiras” representa para o diretor “um orgulho enorme”, ainda para mais quando, critica, “muitas vezes, dentro de portas” não existe tal reconhecimento.

Em termos de inovação, Luís Fernandes destaca os trabalhos com robótica, as aulas com tablets numa turma do 9º ano, a utilização do e-mail por toda a comunidade escolar (todos os alunos têm uma conta de correio eletrónico institucionalizada) e a partilha de documentos e trabalhos na cloud. O diretor deste agrupamento de escolas pensa que esta distinção vai dar acesso a “ações de formação e a tecnologias e a peritos em tecnologia” que podem apoiar outros projetos de inovação.

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Um dos objetivos de Luís Fernandes passa por dar a cada aluno pelo menos um dispositivo tecnológico, como um computador ou um tablet, para que todos possam aceder em qualquer momento e em qualquer lugar à “informação, aos recursos e às partilhas com os professores”.

Pedro Correia, professor de Educação Visual, Educação Tecnológica e Mecanismos e Robótica no Agrupamento de Escolas de Freixo, foi um dos 11 distinguidos pela Microsoft este ano e pensa que a distinção reconheceu, no seu caso específico, o uso de recursos digitais e da robótica nas aulas a alunos do 4º, 6º, 8º e 9º ano de escolaridade.

Este ano, Pedro Correia está a ensinar as crianças de uma turma do 4º ano a programarem e a desenvolverem robots. Além disso, este professor disponibiliza, às restantes turmas, os materiais de ensino em diferentes suportes – vídeo, powerpoint ou documentos de texto. Isto para que cada aluno possa escolher qual o suporte que melhor se adapta à sua forma preferencial de aprendizagem. No início do ano letivo, os estudantes preencheram o questionário VARK, que permite fazer um diagnóstico do seu perfil de aprendizagem e perceber se aprendem melhor vendo, ouvindo, escrevendo ou pela demonstração física. “Alguns alunos mudaram de estratégia de estudo em resultado do questionário”, disse Pedro Correia ao Observador.

Ainda assim, este professor inovador diz que não abandonou o “ensino tradicional clássico”. Mas considera que, “em determinadas circunstâncias”, as tecnologias podem ser “positivas”, permitindo aos alunos “fazerem aprendizagens de forma mais eficaz”. Os alunos de Pedro Correia utilizam o caderno e o lápis, mas não estão proibidos de usar o telemóvel, por exemplo. Em muitos momentos, os estudantes recorrem aos smartphones para fotografar ou filmar a evolução do processo de aprendizagem, para depois poderem rever o que correu bem e o que correu menos bem.

Rui Lima é diretor pedagógico no Colégio Monte Flor e, enquanto professor do 1º ciclo, foi distinguido pela Microsoft como um dos professores inovadores do ano a nível mundial. Sobre o Colégio Monte Flor, Rui Lima explica que este é o segundo ano que a escola recebe uma distinção do gigante americano das tecnologias e considera que este reconhecimento se deve à “forma inovadora como articula a utilização das tecnologias com o desenvolvimento das crianças no âmbito das competências para o século XXI como a comunicação, a colaboração, o pensamento crítico e a criatividade”.

Este professor pensa que a sua distinção profissional está relacionada com o facto de todos os conteúdos das suas aulas serem trabalhados numa dinâmica de projeto. Os alunos aprendem os conceitos das disciplinas e depois têm de aplicá-los num projeto – um filme, uma peça de teatro, um jogo de computador, explicou Rui Lima ao Observador. Neste momento, o professor está a ensinar a multiplicação a uma turma e desafiou os alunos a programarem um jogo que articule aquilo que vão aprender.

No Colégio Monte Flor a programação é central no currículo. Mesmo nas turmas de alunos mais novos. Dois deles, com sete anos de idade, foram distinguidos este ano pelo Prémio Kodu Cup, uma competição da Microsoft dirigida a alunos entre os 6 e os 16 anos que pretende estimular o interesse pela programação e codificação.

Para este professor, mais do que uma distinção individual ou ao nível de escola, este reconhecimento vai, está convencido, levar outras escolas a seguirem o mesmo caminho. “Há mais escolas e professores inovadores em Portugal. Esta distinção pode influenciar outras escolas a articular o mundo real com a escola, que nos últimos anos tem faltado um pouco”, disse Rui Lima.

A lista completa dos 11 professores distinguidos pela Microsoft encontra-se aqui:

Rui Lima (Colégio Monte Flor, Carnaxide)

Andreia Sequeira (Colégio Monte Flor, Carnaxide)

João Cunha (Agrupamento de Escolas Afonso Henriques, Guimarães)

Carlos Cunha (Escola Secundária Manuel Martins, Setúbal)

Virgínia Esteves (Escola José Relvas, Alpiarça)

Ângela Oliveira (Agrupamento de Escolas de Freixo, Ponte de Lima)

Pedro Correia (Agrupamento de Escolas de Freixo, Ponte de Lima)

Dulce Pinto (Agrupamento de Escolas Anselmo Andrade, Almada)

Sónia Barbosa (Agrupamento de Escolas do Álvaro Velho, Setúbal)

José Carlos Marques (Escola Secundária Pedro de Santarém, Lisboa)

Carla Jesus (Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Caldas da Rainha)