O Dama, o gato que reside na Quinta Vigia, no Funchal, tem por hábito esperar a chegada de Alberto João Jardim à sede da Presidência do Governo Regional com quem, depois, partilha o café da manhã. Há 13 anos que entra e sai sem pedir licença e sem bater à porta dos gabinetes e participa, por vezes, nas audiências oficiais e assiste ao desenrolar dos Conselhos de Governo. Mas em breve terá de sair da “mansão” juntamente com o seu “amo”, que já anunciou que renunciará ao cargo a 12 de janeiro.
O Dama tornou-se hóspede do casarão do século XVII, que, em 1982, por resolução governamental, foi designado de Quinta Vigia com a finalidade de receber “serviços da Presidência do Governo”, sendo o local de trabalho do chefe do executivo madeirense. O gato começou por escapar a uma morte certa e transformou-se numa espécie de “aristogato”. Tem o dorso preto e peito branco e um nome feminino atribuído pela neta do presidente, com base numa figura de uma história infantil.
Alberto João Jardim contou à Lusa que, há 13 anos, a neta Carlota “viu uma ninhada de gatos pequenitos que estavam todos mortos menos este e ficou com pena e pediu ao pai para trazer Dama”. Várias circunstâncias ditaram que o animal tenha ficado depois algum tempo na casa da mãe do presidente.
“Era a companhia da minha mãe”, contou Jardim, recordando que o gato se sentava com ela e a empregada a ver televisão e tinha por hábito ficar na cama da mãe quando esta descansava à tarde. O presidente do Governo Regional da Madeira relatou ainda que Dama também acompanhava a sua mãe quando ia à missa à capelinha de São Paulo, no Funchal, indo atrás dela “como se fosse um cãozinho” e que depois a aguardava no adro para fazer o caminho de regresso a casa.
E foi quando a mãe de Jardim morreu, que decidiu trazer Dama para a Quinta Vigia, mas logo “no primeiro dia” o gato fugiu e só passados uns dias, na véspera da Festa do Monte [15 agosto], quando estava na varanda da Quinta Vigia, Jardim ouviu miar, foi atrás do som e encontrou-o. “Estava magra que nem um espeto, trouxe-a para aqui e o Dama comeu meio frango. Estava com uma fome!“, lembrou.
“Desde esse dia, está sempre aqui [dentro do casarão da Quinta Vigia], anda pelos gabinetes. Ao fim do dia, se eu for aos jardins, quando eu volto, ela está aqui ao pé da porta à minha espera”, afirmou.
Jardim disse que quando entra no gabinete pela manhã, o gato “normalmente já está” e até “gosta de café”. “Às vezes fico um pouco embaraçado porque estou a receber pessoas e Dama chega, senta-se à frente das pessoas e põe-se, espantado, a olhar para elas como se fosse também parte da conversa”, relatou.
Segundo Jardim, Dama entra na sala das sessões dos conselhos do executivo, mas “como estão muitos e, às vezes se discute, como ela não gosta de ouvir discussões, afasta-se. Se for uma conversa serena, ela fica”, afirmou, gracejando: “É um gato conciliador”.
Quando deixar a Quinta Vigia, Jardim vai levá-lo para sua casa ou para a de um dos seus filhos: “não vou deixar esta herança para aí”.