Vem aí a Super Bowl, a final da liga de futebol norte-americano, a National Football League (NFL). É, para muitos, o maior espetáculo desportivo do planeta, com audiências que na última edição subiram a um novo recorde de 111,5 milhões de pessoas. É qualquer coisa como onze vezes a população portuguesa sentada a ver na televisão um jogo que pode durar até quatro horas. E é por isso que um anúncio de 30 segundos custa 4,5 milhões de dólares.

O jogo tem hora de início marcada para as 23 horas deste domingo, com transmissão em Portugal pela Sport TV. Este ano a final é disputada no Arizona, colocando frente a frente os New England Patriots e os Seattle Seahawks, os vencedores do ano passado. Vai ver o jogo? Quer perceber o que está por trás da popularidade esmagadora da NFL nos EUA? O Observador preparou para si um Explicador sobre as regras do futebol americano, com a garantia de que não são tão complexas como podem parecer.

Os Seattle Seahawks conseguiram a proeza de repetir a presença na final de uma liga cujas regras foram concebidas para garantir que esta é o mais competitiva possível entre as 32 equipas que a compõem. Os Seahawks são uma equipa à antiga, com uma defesa robusta e aposta no jogo de corrida, polvilhada com a imprevisibilidade do seu jovem quarterback Russell Wilson.

Os Seahawks voltaram nos últimos anos à ribalta da liga norte-americana de futebol americano, liderados por um ex-treinador de sucesso da liga universitária, Pete Carroll. Quando jogam em casa, os Seahawks são temíveis, o que se deve em parte à extensa base de fãs que beneficia do facto de ser a única equipa da NFL oriunda da zona do Noroeste-Pacífico nos EUA.

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Do outro lado está a ofensiva de alta voltagem dos New England Patriots, de Boston, liderados pelo experiente Tom Brady. Os Patriots têm conseguido ser, há mais de uma década, uma das melhores equipas da NFL de forma consistente. A equipa de Boston (Foxborough, em rigor) ganhou a Super Bowl três vezes em quatro anos (entre 2001 e 2005). Desde então, voltaram a ir à final outras vezes mas não mais conseguiram vencer.

A preparação da equipa para esta Super Bowl tem sido perturbada por um caso que ficou conhecido como “Deflategate”, em que o quarterback Tom Brady foi acusado de violar as regras da NFL ao reduzir a pressão de ar das bolas que levou para o jogo contra os Indianapolis Colts. Este caso juntou-se ao escândalo “Spygate”, em 2007, em que os Patriots foram multados por filmarem os treinos dos New York Jets para descobrirem o significado dos sinais e códigos trocados pelos adversários.

Já conhece as equipas, fique agora a conhecer três estrelas de cada uma delas.

Três estrelas dos Seattle Seahawks

Russell Wilson, quarterback

Os novos jogadores entram na NFL através do draft. Cada equipa, à vez, em várias rondas e na ordem inversa à classificação na época anterior, escolhem novos atletas vindos das universidades. No dia que Russell Wilson foi escolhido pelos Seattle Seahawks, esperou pacientemente que 74 atletas fossem selecionados antes dele. Era talentoso mas demasiado baixo (1,79m). Dificilmente seria, sequer, capaz de ver por cima dos colegas da linha ofensiva, diziam os olheiros. Mas Russell Wilson é um talento nato, imprevisível, ágil, fugidio e rapidamente assumiu o comando da equipa atacante dos Seattle Seahawks. Ergueu a Super Bowl há um ano e se voltar a fazê-lo este domingo terá ainda maiores probabilidades de se tornar, após esta época, o jogador mais bem pago na NFL.

Richard Sherman, cornerback

Richard Sherman é, talvez, o melhor da NFL numa das posições mais difíceis de jogar no futebol americano, o cornerback (defesa). Sherman nasceu para cobrir (e, normalmente, anular por completo) os jogadores mais perigosos das ofensivas adversárias. E é, também, conhecido pela personalidade colorida e pelas tiradas controvérsias.

Marshawn Lynch, running back

A NFL tornou-se, nos últimos anos, uma liga que dá primazia aos passes e não ao jogo corrido. Mas Marshawn Lynch tem vindo a mostrar que um bom running back ainda é capaz de levar uma equipa ofensiva às costas. É, talvez, o jogador mais difícil de derrubar em toda a NFL, daí ser conhecido como Beast Mode, a Besta. O que sobra ao cornerback Richard Sherman em à-vontade perante os microfones, falta a Marshawn Lynch, que tem por hábito boicotar as conferências de imprensa respondendo a todas as perguntas: “Só estou aqui para não levar uma multa da liga (NFL)”.

Três estrelas dos New England Patriots

Tom Brady, quarterback

Se Russell Wilson viu 74 jogadores escolhidos antes dele no draft, Tom Brady viu 198. Foi a 199ª escolha do draft do ano de 2000, porque era visto como um vencedor mas com uma compleição física desmazelada e uma atitude demasiado “mole” para a NFL. Depois do draft, num dos primeiros treinos com os veteranos, abordou o dono da equipa, Robert Kraft, e disse-lhe: “Selecionar-me foi a melhor decisão que esta equipa já tomou”. E foi mesmo. Com uma lesão ao quarterback titular da altura, conquistou a titularidade e nunca mais a deixou fugir. A sua visão de jogo e precisão no passe ajudam-no a desfazer as defesas adversárias a cada domingo. É casado com a modelo brasileira Gisele Bundchen e um dos atletas mais ricos do mundo.

Rob Gronkowski, tight end

Uma força da natureza. Com dois metros de altura, Rob Gronkowski é um tight end quase impossível de cobrir e a principal arma de Tom Brady no jogo de passe. Depois de um início de carreira marcado por lesões persistentes, parece finalmente estar a assumir o papel de peça crucial da ofensiva dos Patriots que levou o staff da equipa de Boston a escolhê-lo no draft. Tem a alcunha de “Gronk”.

Darrelle Revis, cornerback

Darrelle Revis teve uma carreira extraordinária como defesa e juntou-se aos Patriots este ano depois de uma longa carreira nos New York Jets e de uma breve passagem, no ano passado, pelos Tampa Bay Buccaneers. No auge da carreira ganhou a alcunha de “Revis Island”, porque o treinador da defesa podia dar-se ao luxo de desenhar um amplo círculo (uma “ilha”) na defesa e pedir aos outros jogadores que cobrissem o resto do campo. As capacidades de cobertura extraordinárias de Darrelle Revis garantiam que nessa “ilha”, nenhum quarterback arriscaria colocar a bola.

E, por falar em estrelas, o tradicional espetáculo musical no intervalo está a cargo da cantora pop Katy Perry, que vai ter o apoio de Missy Elliot para americanizar um pouco o show.

BERLIN, GERMANY - DECEMBER 13:  Katy Perry performs during the semi final show of 'The Voice Of Germany on December 13, 2013 in Berlin, Germany.  (Photo by Timur Emek/Getty Images)