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O futebol europeu, como o conhecemos, pode morrer?

O "fair play financeiro" não chega para travar o endividamento dos clubes. É preciso fazer mais. Há um "risco de choque na indústria do futebol na Europa", diz Paulo Mourão, da Universidade do Minho.

As receitas dos 20 clubes de futebol mais ricos do mundo aumentaram 8%, para cerca de 5.400 milhões de euros na época de 2012/2013, segundo a última edição do relatório “Football Money League” elaborado pela Deloitte. O resultado, que a consultora considera “impressionante, tendo em conta o ambiente económico difícil”, esconde, contudo, uma realidade que está a fazer alguns economistas temer pelo futuro do futebol na Europa: passivos cada vez maiores, tanto nos clubes maiores como nos mais pequenos, possíveis bolhas inflacionistas nos valores dos passes e nos salários dos principais atletas e, ainda, instâncias de “criatividade” para contornar o “fair play financeiro”, o suposto antídoto da UEFA contra os desequilíbrios, mas cuja eficácia suscita grandes dúvidas a vários especialistas. A popularidade do futebol está a crescer e a chegar, cada vez mais, a todos os cantos do mundo, mas a sua sustentabilidade poderá estar em risco se não forem tomadas medidas de controlo das despesas, como tetos salariais e limites aos valores dos passes.

Há um “risco de choque na indústria do futebol na Europa“, alerta Paulo Mourão, professor de Economia da Universidade do Minho e autor de um estudo sobre o endividamento dos clubes portugueses. Já em 2012, ano em que realizou o estudo, Paulo Mourão dizia que “ano após ano, os clubes de futebol na Europa aumentam as suas dívidas como estratégia para cobrir as suas responsabilidades de curto prazo”. É esta situação de insustentabilidade que levou já à falência de alguns emblemas em Portugal e noutros países europeus. Em vários casos, a falência iminente levou os clubes a caírem no colo de investidores estrangeiros, como foi o caso, em Portugal, do Beira-Mar. O emblema foi comprado, em 2011, por Majid Pishyar, um empresário iraniano que já comprara o suíço Servette FC graças à fortuna feita através de uma consultora de tecnologias de informação com sede no Dubai.

Outro caso, entre muitos: “o Inter de Milão foi comprado por um indonésio, Erick Thohir, um magnata do setor dos media que também é dono de um clube da NBA, a liga norte-americana de basquetebol. O que é que este senhor perceberá de futebol?”, questiona Paulo Mourão. Para o professor de Economia, “isto mostra que vivemos uma situação em que o futebol não tem alternativa que não seja a de estar exposto a este tipo de investidores oriundos de mercados emergentes”. E, num país em crise económica, “o futebol português está particularmente vulnerável, devido ao embaratecimento do seu valor”, afirma o economista, salientando que “como ainda está no top-10 dos diversos ‘rankings’ da modalidade, aparenta ser um excelente negócio de ocasião para os ‘mouros na costa’ que já sondam os três grandes”.

Roman Abramovich gastou quase 900 milhões de euros em transferências de jogadores nos primeiros 10 anos à frente do Chelsea, celebrados em 2013.

DMITRY KOSTYUKOV/AFP/Getty Images

O que têm em comum Erick Thorir, Majid Pishyar mas, também, o russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, e outros como o Sheikh Mansour, dono do Manchester City, ou Dmitry Rybolovlev, que comprou o Mónaco? São todos empresários que fizeram fortuna fora do futebol, em áreas como a exploração de recursos naturais, e que, nos últimos anos, têm vindo a injetar largas somas no futebol, aparentemente não olhando a meios para rechear os respetivos clubes com os atletas mais talentosos ou os mais mediáticos. Abramovich, por exemplo, terá gastado quase 900 milhões de euros em transferências de jogadores nos primeiros dez anos à frente do Chelsea, celebrados no ano passado.

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“Entre os 20 clubes da ‘Liga do Dinheiro’ da Deloitte, todos participantes em campeonatos europeus, mais de um terço tem agora um dono ou uma entidade de controlo proveniente de fora da Europa”, escreve a consultora. “Em particular, o desejo de pessoas e empresas dos EUA e do Médio Oriente de se associarem ao futebol de elite é maior do que nunca“, assinala a consultora, notando que sete dos tais 20 clubes têm o patrocínio de uma transportadora aérea do Médio Oriente nas suas camisolas.

"Entre os 20 clubes da 'Liga do Dinheiro' da Deloitte, todos participantes em campeonatos europeus, mais de um terço têm agora um dono ou uma entidade de controlo de fora da Europa", escreve a consultora, notando que sete dos tais 20 clubes tinham o patrocínio de uma transportadora aérea do Médio Oriente nas suas camisolas.

As transferências e salários envolvendo valores recorde estão a tornar os clubes cada vez mais endividados. Em Portugal, mesmo nos chamados “três grandes”, são cada vez maiores as dívidas. O Sport Lisboa e Benfica terminou a época desportiva passada com um passivo consolidado de 449 milhões de euros (uma dívida que, no caso do Benfica, inclui a Benfica Stadium), o FC Porto com 233,5 milhões e o Sporting Clube de Portugal tinha um passivo total de 264,8 milhões de euros a 30 de junho de 2014. “O futebol português, em particular, há muito tempo que vive acima das suas possibilidades“, afirma António Samagaio, professor de Gestão do ISEG. “E tendemos a falar muito dos três grandes mas não se deve esquecer que há muitas outras equipas, de menor dimensão, onde deviam, há muito tempo, ter sido impostas medidas de controlo da despesa”.

António Samagaio explica que, “em Portugal, os clubes começaram por ser associações sem fins lucrativos e, portanto, ao contrário do que acontece em países como o Reino Unido, não há um suporte financeiro que permita que se vá gastando mais do que se ganha. Daí que os clubes tenham enveredado pelo endividamento crescente. E, um dia, a fatura terá de chegar”. Paulo Mourão, da Universidade do Minho, diz que “face à restrição bancária, o futebol está a sujeitar-se a formas alternativas de financiamento, seja pelo ‘sponsoring’ [patrocínios] de ativos tangíveis, seja pelo recurso aos fundos de jogadores sedeados em “offshores’“. Um exemplo recente, e próximo, é Peter Lim, um singapurense abastado que falhou na intenção de comprar o Liverpool mas conseguiu, recentemente, adquirir o Valência e já gastou, de acordo com o que já foi tornado público, 33,3 milhões de euros em passes de dois futebolistas do Benfica. Os passes destes atletas pertencem, agora, ao seu fundo Meriton Capital Limited.

“Quando a criatividade se esgotar, podemos ter a maioria dos clubes em grandes dificuldades”, avisa Paulo Mourão. O que pode acontecer? “Se nada for feito, a falência de grandes clubes. Com o avolumar da dívida, nem mesmo com o dinheiro dos milionários se salvam“, alerta o professor de Economia da Universidade do Minho.

O Benfica terminou a época passada com um passivo de 449 milhões de euros /dívida que inclui a Benfica Stadium), o FC Porto com 233.5 milhões e o Sporting com um passivo total de 264.8 milhões.

Muito graças a estes investimentos e aos recursos de quem fez fortuna em outras atividades, todos os anos são quebrados novos recordes nos montantes pagos pelas transferências de jogadores. Qual é o risco? A formação de “bolhas” inflacionistas. A teoria económica ensina que uma entrada demasiado súbita de dinheiro num sistema económico – como é o caso da indústria do futebol –, proveniente de outra atividade sem qualquer relação, arrisca desequilibrar a estabilidade dos preços, gerando inflação acentuada e colocando em grandes dificuldades os clubes que não têm condições para acompanhar a subida dos custos com transferências e salários. A prazo, segundo a teoria, todo o sistema económico fica em risco. No futebol, uma “bolha” inflacionista pode prejudicar a formação de novos jogadores ou concentrar as “vedetas” num número cada vez menor de clubes, potencialmente penalizando o interesse dos adeptos pela modalidade.

A teoria económica diz-nos que uma entrada demasiado súbita de dinheiro num sistema económico – como é o caso da indústria do futebol –, proveniente de outra atividade sem qualquer relação, arrisca desequilibrar a estabilidade dos preços, gerando inflação acentuada e colocando em grandes dificuldades os clubes que não têm condições para acompanhar a subida dos custos com transferências e salários.

Para já, não parece haver razões para preocupação, lê-se nas entrelinhas do relatório da Deloitte. “O crescimento do interesse global no futebol não dá sinais de abrandar e antecipamos que as receitas dos 20 clubes de topo irão continuar a subir à medida que estes encontram novas formas de explorar os lucrativos mercados dos países emergentes”. O problema é que há bem mais de 20 clubes de futebol na Europa. Por essa razão, a Deloitte diz que “há um enfoque crescente no futebol europeu na necessidade de chegar a níveis de despesa mais sustentáveis, em relação às receitas, particularmente à luz das regras do ‘fair play financeiro’ da UEFA”.

É com o “fair play financeiro” que a UEFA quer “controlar os custos e receitas do clubes, mantendo-os dentro de parâmetros razoáveis, que evitem o descontrolo da gestão que, por vezes, conduz a problemas ao nível do endividamento e da sustentabilidade”, explica Luís Paulo Relógio, advogado e docente universitário com vasta experiência em direito desportivo. Luís Paulo Relógio acredita que “o sistema de controlo económico criado pela UEFA e implementado em todas as 53 federações do espaço europeu lidera, de forma exemplar, as medidas de controlo económico, sem interferir com os agentes mas assegurando que políticas de gestão menos cuidadas não destruam um tecido social e económico de forte implantação e de cada vez maior importância“.

António Samagaio, professor do ISEG, concorda que “o princípio do ‘fair play’ financeiro é correto mas precisamos de tempo de aprendizagem e de mais cinco ou seis anos para avaliar a eficácia destas medidas”. Vários especialistas têm questionado a eficácia do ‘fair play’ financeiro, sobretudo pelas formas que alguns clubes estão a encontrar para contornar as limitações impostas, evitando os castigos. Ainda assim, “é possível que as regras do ‘fair play’ financeiro tenham já contribuído para levar, por exemplo, a um refrear dos gastos da equipa francesa do Mónaco”, financiada pelo russo Dmitry Rybolovlev. Menos otimista está Paulo Mourão: “na atual situação, espera-se muito do ‘fair play’ financeiro da UEFA. Mas este não é mais do que uma medida paliativa, uma tentativa de correção destes problemas”.

"Na atual situação, espera-se muito do 'fair play' financeiro da UEFA. Mas este não é mais do que uma medida paliativa, uma tentativa de correção destes problemas".
Paulo Mourão, professor de Economia da Universidade do Minho

Uma solução à americana?

O que o “fair play financeiro” não está a conseguir fazer, pelo menos para já, é evitar que “a taxa de crescimento dos salários seja sucessivamente maior do que o crescimento dos volumes de negócios dos clubes, o que é insustentável“, diz António Samagaio. Isto tem acontecido em países como Portugal mas, também, Espanha e Inglaterra. Não tanto na Alemanha, onde há muitos anos existem regras que obrigam os clubes a um maior equilíbrio entre despesas e receitas, explica o professor de Gestão do ISEG. O académico recorda as recomendações da UEFA de que os clubes não devem gastar mais de 70% dos proveitos operacionais em salários e não devem acumular uma dívida financeira superior a 100% das receitas anuais. Basta olhar para as contas dos clubes para verificar que isto está muito longe de se cumprir em Portugal e, também, lá fora.

Até ao momento, a insustentabilidade era disfarçada com os “clubes a correrem para a banca todas a semanas a pedir financiamento”. Agora, com os bancos mais condicionados, “isto abriu o futebol, até mesmo nos países emergentes, a muitos esquemas de lavagem de capitais de outros negócios“, diz Paulo Mourão, professor da Universidade do Minho. “E são estes outros negócios que vêm adiar o aparecimento de medidas de choque” que assegurem a sustentabilidade do futebol, diz o especialista, salientando que “quando vemos clubes importantes a recorrerem a mecanismos criativos de financiamento, compreendemos o esgotamento das soluções atuais e a necessidade de soluções novas”.

Paulo Mourão lembra que "a NBA esteve praticamente falida nos anos 70", devido ao aumento galopante dos custos com a massa salarial. Foi necessário impor limites.

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Entre essas “medidas de choque” sugeridas por Paulo Mourão está a introdução de tetos salariais no futebol, semelhantes aos que existem em algumas ligas desportivas norte-americanas. “Nos EUA foi naturalíssimo introduzir limitações ao que os clubes podiam gastar em salários, tendo em conta as várias ameaças de rutura que houve ao longo dos anos”, diz Paulo Mourão, lembrando que “a NBA esteve praticamente falida nos anos 1970”, devido ao aumento galopante dos custos com a massa salarial. Foi necessário impor limites, para salvaguardar não só a sustentabilidade financeira da liga mas também a popularidade do desporto junto dos adeptos.

São essas as duas grandes vantagens dos tetos salariais, que existem na NBA desde 1983, no futebol americano (NFL) desde 1994 e no Hóquei sobre o gelo desde 2006. Andrew Zimbalist, professor de Economia da Smith College, no Massachusetts, e especialista em economia do desporto, explica ao Observador que “há duas grandes razões para ter um teto salarial: controlar o crescimento da massa salarial e, assim, melhorar a viabilidade financeira da liga, e, por outro lado, promover o equilíbrio competitivo” na modalidade desportiva. Até ao momento, “tem havido sucesso nestes dois aspetos”, diz Andrew Zimbalist, notando que, graças aos tetos salariais, “é impossível que equipas de grandes cidades dominem a liga como o Real Madrid e o Barcelona dominam graças ao dinheiro e aos salários que pagam”.

"Há duas grandes razões para ter um teto salarial: controlar o crescimento da massa salarial e, assim, melhorar a viabilidade financeira da liga, e, por outro lado, promover o equilíbrio competitivo entre as equipas"
Andrew Zimbalist, professor de Economia da Smith College no Massachusetts e especialista em economia do desporto

Como funcionam os tetos salariais? Na liga de futebol americano, a NFL, por exemplo, raramente existem transferências de jogadores. E quando existem não há dinheiro envolvido. Não existe o pagamento de um “valor do passe”, apenas uma troca por outro jogador ou, então, por um direito de escolha no “draft” do ano seguinte, o momento em que as equipas vão às formações universitárias escolher novos atletas para as suas fileiras. O valor dos atletas é, então, determinado pelo seu salário anual e os contratos podem ser feitos por vários anos, mas podem ser interrompidos a qualquer momento, principalmente no final de cada ano. O teto salarial é igual para todas as equipas e obriga a que cada uma das 32 equipas da liga consiga acomodar dentro do teto salarial – que em 2014 é de 133 milhões de dólares – os ordenados anuais de todos os jogadores do plantel.

Vejamos um exemplo de como o “salary cap” contribui para aumentar a competitividade entre os vários clubes. O talentoso John Smith tem um contrato de quatro anos com um clube da NFL, com remuneração crescente. No primeiro ano, o salário anual é de dois milhões de dólares, no segundo ano de quatro milhões, no terceiro de seis milhões e no quarto ano, o último, o valor dispara para dez milhões de dólares. À entrada no último ano de contrato, o clube pode decidir interromper o contrato, evitando gastar dez milhões de dólares com esse único jogador e ganhando margem de manobra abaixo do teto salarial. Esse jogador fica, então, livre para ir para o mercado, potencialmente conseguindo os dez milhões de dólares – ou mais – numa outra equipa que tenha menos atletas de topo e, portanto, que tenha mais espaço disponível abaixo do teto salarial. Consegue-se, assim, que cada equipa consiga, por regra, ter alguns dos jogadores mais talentosos e evita-se que uma ou outra equipa consiga reunir no plantel os melhores jogadores de cada posição, esmagando a concorrência.

Julius Peppers era um dos mais talentosos defesas dos Chicago Bears, mas foi dispensado antes do início de uma época em que ganharia 18 milhões de dólares. Assinou pelos Packers, de Green Bay.

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Há que considerar, no entanto, que o futebol é um desporto mais aberto e universal do que as ligas norte-americanas. Os especialistas ouvidos pelo Observador concordam que seria difícil atingir um acordo coletivo de trabalho semelhante ao que possibilita que existam, nos EUA, os “salary caps”. Trata-se, no fundo, de uma limitação ao mercado livre, mas que nos EUA é justificada com a necessidade de preservar a sustentabilidade das ligas. E “tem dado bons resultados”, diz Andrew Zimbalist.

O “salary cap” evolui todos os anos, conforme as receitas do ano anterior, incluindo bilhetes, direitos televisivos, ‘merchandising’, entre outros fatores. Evita-se, assim, que capital que não foi gerado no futebol inunde, subitamente, o futebol, desestabilizando os preços nesta economia específica, explica Andrew Zimbalist. Ou seja, “evita uma inflação dos salários, em que a discrepância entre o salário do jogador mais talentoso e o de um jogador médio não fica demasiado acentuada”, diz o professor da Smith College. “Pode significar menos dinheiro para os jogadores no curto prazo mas, se funcionar bem, ajudará a prolongar a sustentabilidade da liga. No longo prazo, os jogadores – e, já agora, os adeptos – têm a ganhar se a liga crescer de uma forma sustentável”.

Poderia ser uma das soluções para garantir a sustentabilidade do futebol na Europa? Paulo Mourão acredita que sim. “Vários modelos demonstram que colocando um teto salarial, a competitividade não cai, pelo contrário. E a qualidade do desporto não diminui”, diz o economista, acrescentando que um “salary cap” no futebol “iria não só assegurar mais competitividade mas, também, contribuiria para a sustentabilidade das provas e das modalidades desportivas”. Sem esta limitação nos ordenados que cada equipa pode pagar, “pode dar-se uma inflação de valores que faça com que haja cada vez maiores desigualdades remuneratórias entre os melhores atletas e os atletas de qualidade média. Os balanços dos clubes vão sofrer com isso”, avisa o professor da Universidade do Minho.

Sem esta limitação nos ordenados que cada equipa pode pagar, "pode dar-se uma inflação de valores que faça com que haja cada vez maiores desigualdades remuneratórias entre os melhores atletas e os atletas de qualidade média. Os balanços dos clubes vão sofrer com isso", alerta Paulo Mourão.

Paulo Mourão alerta que “seria crucial que esta medida, a ser adotada, o seja de uma forma global“, mas o professor da Universidade do Minho está pouco otimista. “Neste momento, quem financia a FIFA são pessoas a quem interessa que o desporto continue como está”, diz Paulo Mourão. “Os ‘donos da bola’ não querem que a situação mude, pelo que não há grande potencial, no curto prazo, para uma mudança estrutural”, lamenta o economista. “Mas parece-me, por várias razões, que medidas como os tetos salariais são essenciais para preservar o futebol, não só na Europa mas também noutras longitudes”, defende.

Já Luís Paulo Relógio, advogado e especialista em direito desportivo, diz que há, de facto, “exageros, em alguns casos pontuais, nos salários de certos jogadores”. Mas acrescenta: “considero que a carga económica maior é a relacionada com as transferências e os seus custos galopantes“. “É verdade que esta moeda tem duas faces e, em muitos casos, trata-se de um fluxo financeiro que gera receitas extraordinárias de valor significativo para clubes que, de outra forma, dificilmente teriam acesso a tão grandes financiamentos. Contudo, a prática mostra que muito raramente essas receitas são reinvestidas, na totalidade ou maioritariamente, na formação de novos jogadores”, diz Luís Paulo Relógio.

O especialista diz que “os mercados de transferências empolam e, por vezes, geram bolhas que rebentam”. Contudo, “o ‘fair play financeiro’ procura dar resposta a esta questão, através do controlo financeiro e, muito em especial, do acompanhamento conseguido com a aplicação das regras do ‘break even'”, isto é, despesas iguais às receitas. “Esperemos que os resultados se comecem a fazer sentir dentro de dois ou três anos“, espera Luís Paulo Relógio.

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