Dilma Roussef ia a caminho da Rússia, mas fez escala no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, a 7 de julho, para uma pausa técnica. Mas Dilma aproveitou a “estada” para se encontrar, a bordo, com o seu ministro da Justiça e o presidente do Supremo, que se encontravam em Coimbra, numa conferência, conta a Folha de S. Paulo.

O cruzamento dos três em Portugal pode até ter sido uma casualidade de agenda, mas o que lá foi discutido está a causar uma onda de indignação no Brasil. Primeiro, porque o encontro não constava da agenda presidencial de Dilma na visita à Europa e depois porque o encontro entre os três seria repudiado se tivesse acontecido em Brasília.

A história, que hoje o Expresso recorda, só foi tornada pública quando um blogue brasileiro deu conta do encontro secreto. E logo começaram as críticas da oposição e as justificações possíveis dos envolvidos. Há quem considere que foi uma “infeliz ideia” de Dilma e quem considere que se tratou de um “golpe” da presidente.

E tudo porque o Brasil vive por estes dias o chamado caso “Lava Jato”, talvez a maior crise judicial da sua história, num escândalo que envolve a empresa estatal Petrobras e as maiores construtoras do país – e que pode chegar ao ex-presidente Lula da Silva e ao Partido dos Trabalhadores (PT).

O ministro da Justiça foi o primeiro a reagir e, questionado sobre a relação de promiscuidade que há entre os poderes políticos e judicial, garantiu que foi um “encontro casual” e que os três discutiram “o reajuste do Judiciário”, ou seja, o aumento salarial de todo o setor judicial.

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que é um homem próximo e sempre foi da confiança de Lula da Silva, ainda não se pronunciou, mas Dilma, no último sábado, em Milão, negou que tenham discutido as consequências da “Operação Lava Jato”. Corroborou mesmo o depoimento de José Luis Cardozo e disse  que só discutiram “o projeto que reajusta os salários do setor judicial”.

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