A deputada do CDS-PP Assunção Cristas lançou neste sábado fortes críticas ao líder do PS, António Costa, acusando-o de “falta de seriedade e honestidade intelectual política” e de não ter, com a direita, a mesma atitude que elogia aos partidos da esquerda, menos votados do que o PS, que lhe apresentam prioridades. Mas Assunção Cristas pede “tranquilidade” porque “António Costa está a jogar a sua existência política e, portanto, vai esticando a corda até onde pensa que ela estica”.

Em entrevista à TVI, Assunção Cristas acrescentou que não sabe de que “surpresas desagradáveis” António Costa falou, referindo-se a questões económicas, e interpreta esta declaração, “escondida numa suposta confidencialidade” da seguinte forma: “António Costa já está a querer arranjar desculpas, porque não vai conseguir ter um acordo à esquerda e, ao mesmo tempo, governar cumprindo as regras europeias”.

“Mas eu lamento dizer que António Costa não vai ter desculpas porque as nossas contas são transparentes, auditadas”, disse Assunção Cristas, acrescentando que Costa “talvez esteja a lembrar-se dos governos de que fez parte e que escondiam, à boa moda socialista, contas e dívidas debaixo do tapete. Mas não vai encontrar nada disso”. Cristas esteve nas reuniões em causa e garante: “não ouvi nada que não fosse do domínio público”.

A jornalista da TVI Judite de Sousa perguntou a Cristas se as conversações entre a coligação e o PS não foram mais do que “uma conversa de surdos”? Cristas diz que “vão pouco além disso, o que é absolutamente lamentável”. A deputada do CDS-PP diz que António Costa não teve a capacidade de fazer como outros fizeram consigo, à esquerda, que é definir os tópicos mais importantes”. Costa “não quer chegar a um acordo com a coligação, se quisesse tinha vindo com propostas e com números para o que quer dar prioridade”, acusa a responsável centrista.

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Assunção Cristas diz que nas eleições “os portugueses foram muito claros. Disseram: queremos que estes senhores, Passos Coelho e Paulo Portas, sejam primeiros-ministros a governar. Queremos que o façam com mais abertura e com mais diálogo, que procurem mais consensos e é isso que temos procurado fazer”. Do lado dos socialistas, diz Cristas, não se tem encontrado a mesma abertura para negociar e definir “três, quatro ou cinco” prioridades para que se negoceie sem que se coloque em risco o cumprimento das regras europeias, ou seja, a meta do défice.

António Costa não está de boa fé

António Costa não está de boa fé, porque não traz para as negociações nenhum papel, nenhuma circunscrição de trabalhos, nenhuns tópicos prioritários e parece que, de repente, quer que a coligação governe com o programa do PS que foi o programa que foi derrotado nas urnas”, acusa Assunção Cristas. A deputada centrista nota que “o PS e o António Costa dizem que as conversas com a esquerda estão a correr bem e são construtivas, mas ele próprio [Costa] disse aqui ontem que o BE lhe impôs três condições para negociar”.

Mas Cristas recusa a ideia de que Passos Coelho tenha colocado um ponto final nas negociações, como disse António Costa. “Costa ouve as coisas pela metade, como lhe convém. O que Passos Coelho disse foi que não fazia sentido haver reuniões de faz de conta”. Cristas pede ao PS que deixe de enviar cartas com “generalidades” e que apresente “prioridades”.

Quanto à possibilidade de o PSD-CDS governarem em minoria, Assunção Cristas diz que “muitos governos minoritários já existiram”. “Na nossa prática política, quem ganha as eleições governa e procura os consensos”. Mas Cristas diz que “temos de estar tranquilos, é preciso perceber que António Costa está a jogar a sua existência política e, portanto, vai esticando a corda até onde pensa que ela estica”.