O novo resgate à Grécia já está com atrasos e a tranche de outubro não deverá ser recebida a tempo devido a atrasos na implementação das medidas acordadas entre a Grécia e os credores, avança o jornal alemão Süddeutsche Zeitung, citando um alto responsável da União Europeia.
A Grécia deveria receber cerca de dois mil milhões de euros assim que terminasse com sucesso a primeira revisão do terceiro resgate, mas, e apesar de Alexis Tsipras se ter comprometido com a rápida implementação do programa, o Governo só implementou 14 dos 48 passos previstos no acordo com os credores.
O Executivo de Atenas estará a tentar evitar aplicar algumas das medidas de austeridade com que se comprometeu no programa, citando para isso um cenário económico mais otimista que o previsto. Segundo o ministro-adjunto das Finanças da Grécia, a recessão este ano não deverá passar dos 1,4%, quando o programa prevê 2,3%, e será também menos severa em 2016.
No entanto, segundo o jornal alemão, os credores não estão dispostos a avançar com dinheiro sem que o Governo grego cumpra o prometido.
Entre os principais desentendimentos estará a reforma do sistema de pensões e a nova lei que regula as hipotecas no país, dois pontos assumidos publicamente pelo vice-presidente da Comissão Europeia para o euro, que se reuniu esta segunda-feira em Atenas com Alexis Tsipras.
O Governo grego quer ainda evitar ter de implementar um aumento significativo nos impostos dos agricultores gregos, com as mudanças exigidas na tributação do gasóleo agrícola e nos benefícios no imposto sobre o rendimento aplicados a este poderoso grupo. O mesmo se passa com os impostos sobre as escolas privadas.
Por sua vez, como gesto de boa-fé e para tentar recuperar a confiança dos credores, a equipa de Tsipras pretende acelerar o programa de privatizações, um processo que falhou consistentemente ao longo dos últimos cinco anos de resgate ao Estado grego.
Na lista de ativos a vender até ao final do ano está a maioria do capital no Porto do Pireu e a concessão de 14 aeroportos regionais. Só no próximo ano os responsáveis gregos pretendem conseguir 3,5 mil milhões de euros com privatizações, mais do que o conseguido nos últimos quatro anos com a venda de ativos do Estado.