Francisco Assis, que não tem poupado críticas ao governo de esquerda que está a ser negociado por António Costa, revelou ao jornal Expresso que irá, nas próximas semanas, reunir-se “com militantes de várias zonas do país que discordam do rumo que está a ser seguido” pela atual liderança partidária. 

O eurodeputado, que sempre se mostrou avesso a um governo PS com o apoio do Bloco de Esquerda e PCP, diz que “ficará então claro que há uma corrente crítica e alternativa” dentro do partido – liderada por ele. As correntes dentro dos partidos, quando oficializadas, pretendem juntar pessoas com proximidade ideológica e programática, dando corpo a correntes de pensamento de onde podem sair, depois, alternativas de poder. 

Numa entrevista à RTP3 no início de outubro, Assis deixou bem clara a sua posição relativamente a um eventual acordo entre o PS e os restantes partidos de esquerda. Apelando à unidade do Partido Socialista, o eurodeputado defendeu que este não devia ceder à “chantagem” do BE e do PCP. 

“Entendo que existam pessoas que se interroguem porque defendo que o PS não vá para o governo quando tem essa possibilidade. A resposta é muito simples: não se pode governar a qualquer preço e de qualquer maneira porque pagamos um preço grande por isso”, disse na entrevista. “Corremos o risco de as nossas ideias, as nossas propostas para Portugal ficarem completamente desqualificadas.”

Ao longo das últimas semanas, nas páginas do Público e na TVI24, o eurodeputado socialista tem mantido pressão sobre António Costa, sempre alertando para as consequências da união à esquerda. Assis não descartou apresentar-se como candidato à liderança, mas deixou sempre qualquer decisão para o pós-presidenciais. Com Costa no Governo e Assis a criar uma corrente alternativa oficial no PS, ficará clara a disponibilidade de Assis para a liderança – quando e se as coisas correrem mal ao atual secretário-geral socialista.

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