Ângelo Correia defendeu hoje, em entrevista ao jornal i, que Rui Rio deverá candidatar-se a líder do PSD nas próximas diretas do partido, e previu que Paulo Portas será candidato presidencial daqui a 10 anos.

Numa entrevista de cinco páginas, Ângelo Correia, considerado como padrinho político de Pedro Passos Coelho, afirma que o antigo primeiro-ministro irá continuar como líder do Partido Social Democrata, mas que Rui Rio deverá candidatar-se nas diretas seguintes, antes do congresso.

“Pedro Passos Coelho vai ser o próximo líder do PSD. Não vai ter oposição. Se todavia, pensar no congresso seguinte, daqui a dois anos, já não tenho essa mesma certeza”.

O militante do PSD lamentou que Rui Rio, a quem reconhece “méritos e qualidades”, se tenha “empenhado excessivamente” na campanha presidencial e não tenha saído desta mais cedo, pois considera que este não é candidato presidencial, mas sim “uma pessoa que pode ser líder do PSD”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Disse-o há quatro anos numa entrevista, quando Passos Coelho tinha acabado de ser eleito. Perguntaram-me: quem é o sucessor? E eu respondi: talvez Rui Rio”, afirmou, lembrando que o antigo presidente da câmara do Porto já está a ser pressionado para dar esse passo, mas que só avançará quando “tiver reais condições nacionais para avançar”.

Ângelo Correia conheceu Pedro Passos Coelho há 25 anos quando aquele era líder da JSD, tornando-se amigos sendo por muitos considerado como o padrinho político do ex-primeiro ministro. No entanto, desiludiu-se com aquele que lhe parecera em tempos um “jovem prometedor”, logo no início do mandato do governante e cada um seguiu o seu caminho.

Ângelo Correia considerou como uma atitude “lógica e correta” a de Paulo Portas, ao ter saído de cena política, lembrando que este estava há muitos anos como presidente do CDS e que ia ser sempre o número dois de Passos Coelho ou de alguém que o substituísse. Com a decisão tomada poderá, dentro de 10 anos, candidatar-se à presidência da República.

O militante do PSD lembrou ainda o facto de o partido “não poder passar o tempo fingindo que não se passou nada, quando provocou mudanças profundas na sociedade portuguesa”.

“Evitou o colapso financeiro do país, com custos sociais enormes – custos sociais e emocionais. E, como tal, é preciso fazer uma reflexão sobre isso. O PSD não pode passar como se nada tivesse acontecido. É preciso saber qual o grau de adesão e a que programa. Ao seu? Ao da ‘troika’? Ou há um novo”, sublinhou.

Ângelo Correia referiu que se o Partido Social Democrata não se repensar terá sempre o ónus “uma etiqueta na testa: partido da austeridade. E, portanto, se quer voltar a ser poder é obrigado a mudar de lideranças, ou a liderança de líder. A liderança de toda a máquina que esteve envolvida em tudo isto, que definiu isto, que apoiou isto, e que não fez sequer um juízo crítico para si próprio. Se isto era justificável e se era correto. Se não o fizer, o partido tem dificuldades de um dia voltar ao poder”, advertiu.

Ângelo Correia apoia Marcelo Rebelo de Sousa à presidência, assegurando que a campanha está a ser “interessantíssima”, e aplaude a estratégia de este ter isentado da sua campanha a classe política.

O militante do PSD mostrou-se convicto de que Marcelo poderá ser eleito à primeira volta, lembrando que o facto dos outros nove candidatos se unirem contra ele faz do professor “alguém muito importante”.

Quanto a Cavaco Silva, Ângelo Correia considera que o ainda presidente da República está em “condições de ir para casa. Para o convento”, aludindo que no convento se podem fazer “coisas muito importantes” como “atos de arrependimento, de oração, de penitência, de ligação com a potestade divina”.