Apurar taxas de conversão, métricas. Quanto tempo é que o cliente X passou em frente ao par de sapatos com o modelo Y? Comprou-os? Chegou a eles por acaso? Ou através de uma campanha personalizada? Com o primeiro produto lançado pela Loyty – que nasceu em 2014 – já era possível seguir os passos dos consumidores de determinadas marcas (adivinhar como poderiam fidelizá-los ou antecipar os seus movimentos). Agora, vai mais além: apurar a taxa de conversão na própria loja.

No protótipo que a Loyty quer testar no primeiro semestre de 2016, quem tiver descarregado a app da loja X passa a ser automaticamente identificado quando entra nela. Basta ter a internet ligada. Assim que o consumidor entra, o software deteta e é como se gravasse os seus movimentos – a marca fica a saber quem é o consumidor que entrou, quanto tempo lá esteve, onde esteve e o que comprou ou esteve para comprar.

Esta extensão do nosso produto possibilita quantificar quantos clientes estão em loja, a passar pela loja. E daqueles que estão em loja, permite perceber quantos compraram efetivamente alguma coisa. Se ficaram parados durante um minuto a olhar para os sapatos. Isto permite apurar a taxa de conversão em loja e a marca pode analisar essas métricas”, explica Alfredo da Costa Neto, fundador da Loyty.

Para que tudo isto aconteça, é preciso que os consumidores tenham descarregado a aplicação da loja em questão. Alfredo não considera isso um entrave. “Hoje em dia, as pessoas descarregam naturalmente as app das lojas, porque querem aceder aos catálogos, ver as promoções. É isto que leva as pessoas a descarregarem as aplicações. E não a nossa tecnologia”, explica. De entre os cerca de 50 clientes que a Loyty já tem, há dois nomes que vão arrancar com este protótipo nos próximos meses.

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A Loyty nasceu de um spin-off da EISA, empresa portuguesa que desenvolve software de gestão de cadeias de lojas. Alfredo Costa Neto sentia que os produtos de fidelização de clientes que disponibilizava tinham limitações, porque não permitiam gerir completamente o perfil do cliente através dos vários canais existentes, como enviar emails, mensagens de texto ou notificações, e seguir, depois, os resultados dessa comunicação – identificar a taxa de conversão que cada estratégia de comunicação atingia com um cliente em específico.

Imagine uma empresa que quer comunicar com 10% dos clientes – aqueles que compraram um produto de uma marca em específico, por exemplo. Envia-lhes um email personalizado e a partir do momento em que o email sai do sistema, a tecnologia da Loyty percebe quando o email é aberto, quando é que o utilizador entrou no site da marca e clicou naquele produto em específico, entre outros procedimentos. Se houver 3% dos clientes que não o fizeram, o software permite que possam ser contactados através de uma mensagem de texto personalizada. E com este tipo de comunicação obtém sucessivas taxas de conversão.

Percebemos que o mercado precisava de um software diferenciador na comunicação e na parte analítica. Cada vez mais é fundamental. O marketing está a deslocar-se do tradicional para o digital e cada vez mais os nossos clientes querem números, estatísticas e taxas de conversão. As métricas são cada vez mais fundamentais neste percurso”, afirmou

Lançada com capitais próprios, a Loyty emprega 10 colaboradores. Entre os cerca de 50 clientes que constituem o portefólio da empresa, estão nomes como a Seaside, Opticália, Hurley, Fashion Clinic, Espaço Casa, Modalfa ou Zippy. A portuguesa Seaside, por exemplo, conseguiu fidelizar em três meses 110 mil clientes com, tendo registado cerca de 300 mil interações registadas e aumentado as vendas em 36,5%. O número de clientes fidelizados quadruplicou em 2 anos.

Apesar de alguns clientes terem optado por comprar o licenciamento tradicional do software da Loyty, o modelo de negócio baseia-se sobretudo no aluguer, por loja. Com estas marcas, a Loyty já chegou a países como Espanha, Moçambique, Angola e Luxemburgo. E também já começou a adotar a tecnologia para negócios B2B, direcionados para empresas, como a JP Sá Couto. Nesta fase, a Loyty já atingiu o break-even (quando as receitas compensam as despesas) e para 2016 prevê faturar entre 600 a 700 mil euros.

“Começámos a ser largamente contactados por empresas b2b e constatámos que não existe nenhum produto que permita às organizações (que não de retalho) analisarem o perfil dos negócios, colocarem métricas nos softwares de gestão, saberem o que cada cliente compra, quando compra e como comunicar com eles de forma assertiva, com base no perfil e métricas”, explica.

Para 2016, o objetivo passa por angariar investimento para internacionalizar. Sem especificar quanto, Alfredo da Costa Neto refere que anda à procura de algumas “centenas de milhares de euros” para avançar, primeiro, para os países de língua portuguesa. “Já lá temos clientes, pessoas, é o caminho natural. Depois, queremos aprofundar o espaço europeu. Vamos estudar muito atentamente o perfil do Brasil e da América Latina”, referiu. A tecnologia da Loyty está presente em 450 lojas em Portugal e no estrangeiro.

*Tive uma ideia! é uma rubrica do Observador destinada a novos negócios com ADN português.