A presidente do Conselho Português dos Refugiados (CPR) considerou, esta segunda-feira, “muito grave” o desaparecimento de mais de 10 mil crianças migrantes na Europa e adiantou que Portugal tem recebido muitos pedidos de asilo de menores não acompanhados.

“Em Portugal, temos tido ultimamente um aumento de pedidos de asilo de menores não acompanhados, o que significa que estas crianças estão a fugir dos seus países e a chegar à Europa em condições muito precárias e em situações muito vulneráveis”, disse à agência Lusa Teresa Tito Morais.

A responsável, que falava à Lusa a propósito dos dados da agência de polícia europeia (Interpol) que indicam que mais de dez mil crianças acompanhadas desapareceram na Europa entre 18 e 24 de dezembro passado, adiantou que, em 2015, Portugal recebeu 50 pedidos de asilo de menores não acompanhados e em janeiro dois.

“Estes pedidos vêm sobretudo de crianças oriundas do Mali, da Guiné-Conacri, Nigéria e Sri Lanka”, adiantou.

Na opinião de Teresa Tito Morais, os dados da Europol são “muito chocantes, mas infelizmente não são novidade”.

“A notícia não é, para mim, uma novidade. Estamos a assistir a um avolumar de uma situação dramática que os refugiados no seu conjunto estão a viver, e particularmente as crianças, que perdem as suas famílias e ficam sozinhas. É uma situação muito grave”, sublinhou.

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De acordo com a responsável, a comunidade internacional tem de estar atenta e agir no sentido de proporcionar a estas crianças que fogem condições de dignidade para as acolher.

“A solução para o problema é difícil, mas a realidade é que o tráfico está a aumentar de maneira feroz através da exploração dos refugiados. Muitas vezes as crianças são trazidas pelas redes para a Europa e ficam sujeitas a estas redes sob pena de as famílias sofrerem retaliações”, contou.

Segundo Teresa Tito Morais, a comunidade internacional e sobretudo a Europa têm de encontrar meios para fazer face a esta situação, nomeadamente com uma política mais solidária de acompanhamento destas situações e de acolhimento nos seus países de modo a que se possa desmantelar as redes de tráfico.

“A mensagem é a de uma mudança de política em termos de solidariedade internacional e uma atenção muito particular para esta faixa etária. São jovens indefesos que desaparecem por serem postos ao serviço das redes de tráfico, mas também porque perdem o rasto das suas famílias e não sabem onde as localizar”, frisou.

De acordo com Brian Donald, diretor da Europol citado pelo semanário britânico The Observer, os números divulgados domingo respeitam a crianças a quem se perdeu o rasto após o seu registo pelas autoridades europeias. Cerca de metade delas desapareceu em Itália.

Cerca de um milhão de migrantes chegaram à Europa no ano passado, naquela que é a pior crise migratória nesta região desde a Segunda Guerra Mundial, dos quais 27% são crianças, estima a Europol.