“Este não é o Orçamento do ‘toma lá, dá cá'”. A garantia é de Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e líder da federação distrital de Aveiro. Na quarta-feira, durante a apresentação da recandidatura à liderança do PS/Aveiro, o socialista sublinhou que o Orçamento do Estado para 2016 “permite recuperar rendimento e “virar a página da austeridade”.

“Ao contrário de uma direita que queria desenvolver um país com base em baixos salários, nós não aceitamos um país com base em baixos salários e sabemos que é possível às nossas empresas pagar mais”, afirmou Pedro Nuno Santos, citado pelo jornal Público.

Já no domingo, João Galamba, deputado e porta-voz do PS, tinha procurado responder àquilo que disse ser uma “campanha de intoxicação pública” de PSD e CDS sobre o OE2016 – sociais-democratas e centristas têm-se esforçado por dizer que este era um Orçamento do “toma lá, dá cá”. A fórmula era, para Galamba, ligeiramente diferente: “Ainda hoje [domingo], o PSD disse que é o orçamento do ‘toma lá dá cá’. É de facto, toma lá 1.400 milhões de euros e dá cá apenas 290 milhões“, explicou Galamba.

Ontem foi a vez de o próprio primeiro-ministro regressar ao tema, mas com outros números: “A direita diz: dão com uma mão, tiram com a outra. Não é verdade. Se somarmos todas as medidas que repuseram rendimentos das famílias e que totalizam 1.372 milhões de euros e subtrairmos a parte dos impostos que sobem, que são 600 milhões, o saldo líquido para as famílias é superior a 700 milhões de euros“, disse António Costa numa sessão de esclarecimento em Lisboa.

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A referência aos cerca de 1,4 mil milhões de euros não se refere apenas à devolução parcial da sobretaxa do IRS e à descida do IVA na restauração, também inclui, por exemplo, a reposição salarial dos salários acima de 1500 euros na administração pública.

Os socialistas vão argumentnado que o modelo escolhido permite romper com a receita seguida pelo anterior Governo e virar a página da austeridade. Foi isso que repetiu Pedro Nuno Santos, em Aveiro. “Devolvemos a sobretaxa a uma parte da população e será eliminada para todos já no próximo ano, [reforçámos] as prestações sociais, [descemos] IVA na restauração, [aumentámos] o salário mínimo nacional [e repusemos] os salários da função pública”.

Medidas que terão, naturalmente, “um custo”, reconheceu o socialista. “E nós não escondemos esse custo“, continuou, referindo-se, nomeadamente, ao aumento de alguns impostos previstos no OE2016. “Sabemos que Portugal tem um problema em matéria de desequilíbrio da sua balança externa e é por isso que, quando aumentamos o Imposto Sobre os Veículos ou o Imposto sobre os Bens Petrolíferos, estamos a aumentar os impostos dos bens que mais carregam nas importações portuguesas”.

A terminar, Pedro Nuno Santos comentou, ainda, a relação com os restantes parceiros da esquerda. “Temos o apoio de quatro partidos que querem o bem do país”. E o modelo adotado no Parlamento pode muito bem vir a ser replicado em Aveiro, nas autárquicas de 2017. Pelo menos, foi isso que o socialista deixou em aberto na noite de quarta-feira. “Temos de ser capazes de governar com outras forças políticas”. O objetivo: ganhar mais autarquias numa região maioritariamente laranja.