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Greves e protestos em Moçambique coincidem com visita de Marcelo

Este artigo tem mais de 5 anos

Estão a ser convocados protestos e greves em Moçambique, de forma anónima e por SMS e nas redes sociais. Uma das manifestações coincide com os dias da visita de Estado de Marcelo ao país.

Em setembro de 2010 as manifestações foram as mais graves e também foram convocadas por SMS
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Em setembro de 2010 as manifestações foram as mais graves e também foram convocadas por SMS

AFP PHOTO / Sergio Costa

Em setembro de 2010 as manifestações foram as mais graves e também foram convocadas por SMS

AFP PHOTO / Sergio Costa

O Presidente da República aterra em Maputo no dia 3 de maio, para uma visita de Estado que decorrerá até ao dia 7 e que, já se sabe, terá forte pendor económico. Mas a visita vai coincidir com uma fortíssima tensão na capital moçambicana. Além da já longa crise político-militar, que o país vive desde 2012, somam-se dois protestos marcados por SMS e pelas redes sociais, que visam paralisar o país.

Um deles coincide com a semana da visita de Marcelo Rebelo de Sousa. A convocatória aponta para uma paralisação do país entre os dias 3 e 7 de maio, os mesmos em que o chefe de Estado português está em Maputo. “É hora de dizer basta! Vamos paralisar o país! Vamos parar durante uma semana inteira.”, dita o texto que está a ser divulgado apelando a uma manifestação e que no topo tem as palavras “Povo no poder”, uma expressão que é título de uma música do rapper de intervenção social moçambicano Azagaia.

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Noutra convocatória que está a ser feita sobretudo através de SMS, o apelo é para uma “mega manifestação pacífica”. “Dias 29 e 30 todo o moçambicano sairá às ruas em repúdio à guerra e à corrupção”, diz a mensagem escrita que determina como “palavras de ordem: prisão para Guebuza e Xang [sic]; onde está o dinheiro: acabem com a guerra; queremos Atum na mesa”. Armando Guebuza foi presidente do país nos últimos dez anos e Manuel Chang o seu ministro das Finanças.

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Recorde-se que no ano passado foi revelado o escândalo Ematum – empréstimos elevados contraídos pelo Estado em 2013 para financiar a companhia estatal de pesca de atum, mas que afinal serviam para comprar equipamento militar, e que foram omitidos nas contas do Estado. Já este mês foi noticiada pelo Wall Street Journal a ocultação de mais um empréstimo a outra empresa estatal.

Na sequência deste caso, o FMI cancelou a segunda tranche de empréstimo ao país por ocultação de dívida externa, admitindo que a decisão pode contagiar a posição dos doadores internacionais que sustentam um quarto do Orçamento moçambicano.

A situação levou a um comentário do primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, no facebook esta quinta-feira, a tentar serenar os ânimos no país: “Não entremos em pânico, compatriotas, continuemos focados nas nossas atividades laborais/produtivas”.

Ainda assim, mantêm-se as convocatórias anónimas e por via das redes sociais e SMS para manifestações no país. Uma fórmula já usada no passado. Nos últimos anos, aliás, Moçambique tem assistido a algumas manifestações populares de grande dimensão devido à grave situação social, sendo a de setembro de 2010 a mais violenta com as pessoas nas ruas a protestarem contra o aumento dos preços da água, da luz e do pão. Dos dois dias de confrontos entre polícia e populares resultaram 13 mortos. Essas manifestações foram convocadas por SMS.

O país vive um conflito político-militar que tem provocado várias baixas sobretudo a norte do país, com a tensão ao começar em outubro de 2012, altura em que o líder da oposição (da Renamo, a Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dhlakama, se estabeleceu na antiga base militar da Gorogonsa depois de desentendimentos políticos com o partido do poder, a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), sobre a revisão da lei eleitoral. Mas a ameaça acabou mesmo num conflito militar que dura desde então.

É neste ambiente que o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa vai estar em Moçambique. O Observador está a tentar obter uma posição da Presidência face às manifestações e greves previstas no país por altura da visita de Estado, mas até ao momento ainda não foi possível uma resposta.

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