A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) disse esta quinta-feira que muitas famílias estão a comprar os livros para o 1.º ano de escolaridade, este ano disponibilizados gratuitamente, devido à obrigação de os devolverem bem conservados.

Porém, segundo os diretores escolares, a maioria dos encarregados de educação está a levantar os livros nos estabelecimentos de ensino ou as guias para os receber diretamente nos estabelecimentos comerciais.

O Estado assume este ano, pela primeira vez, a despesa com os manuais escolares de todos os alunos do 1.º ano, sob um termo de responsabilidade em que os encarregados de educação se comprometem a devolver os livros no final do ano letivo para poderem ser usados por outras crianças no ano seguinte.

Segundo a APEL, há muitas famílias a optar por comprar agora os livros, usufruindo de promoções, para não terem de os pagar na íntegra no final do ano, caso não estejam em condições de reutilização.

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“O facto de terem de assinar a declaração tem levado a que as famílias com menos dificuldades económicas optem por comprar agora os manuais”, afirma a APEL em comunicado.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, afirmou que os pais estão a levantar os livros e a assinar o documento “conscientes de que é um empréstimo”.

“É esta cultura que tem de se desenvolver em Portugal”, defendeu.

Para o dirigente escolar não faz sentido comprar algo que o Estado disponibiliza.

“É claro que vai ser preciso atenção para as crianças manterem os livros em bom estado”, reconheceu.

Esta é também a posição da Confederação Nacional Independente das Associações de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE).

“As famílias têm de educar as crianças para estimarem os livros”, disse à Lusa o presidente da estrutura, Rui Martins, admitindo que muitos pais prefiram comprar: “É natural que isto (termo de responsabilidade) leve alguns pais a comprar. Aceitamos isso”.

O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), Jorge Ascensão, frisou, por seu lado, que as famílias não são obrigadas a aceitar o livro.

O primeiro manual escolar, indicou, poderá ser “um livro marcante” para uma criança.

Por outro lado, o valor dos manuais no 1.º ano “não é comparável ao dos anos seguintes”, referiu.

A constatação foi feita também por Filinto Lima: “No 1.º ano a despesa ainda não é tão grande como noutros”, exemplificou, defendendo o aumento da comparticipação da Ação Social Escolar (ASE).

“Por vezes não dá para pagar os livros, como sucede no 7.º ano. Dão 118 euros e os livros custam mais de 300 euros”, especificou, acrescentando que deveriam também ser abrangidos mais alunos: “Dá ideia que para ter ASE é preciso estar na miséria”.

A gratuitidade dos manuais escolares foi inscrita no programa do governo para ser aplicada de forma progressiva, abrangendo este ano (2016-2017) os alunos do 1.º ano de escolaridade.