“Enfrentamos os maiores desafios à nossa segurança numa geração. Este não é o tempo para questionar o valor da parceria entre a Europa e os Estados.” É desta forma, com uma mensagem claramente dirigida a Donald Trump, que começa o artigo assinado por Jens Stoltenberg, secretário geral da NATO, publicado neste sábado pelo Observer, numa resposta às declarações proferidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos durante a campanha para a Casa Branca.

Trump qualificou a organização de que os Estados Unidos são um dos países fundadores como “obsoleta” e colocou em dúvida se o país, sob o seu comando, tomaria a decisão de apoiar a NATO no caso de um dos aliados ser alvo de um ataque. Stoltenberg recorda que “a única vez que a NATO invocou a cláusula de legítima defesa, que estabelece que o ataque a um é um ataque a todos, foi em apoio aos Estados Unidos após os ataques terroristas” de 11 de setembro de 2001.

O secretário geral da organização acrescenta: “não se tratou apenas de um símbolo”. A NATO, recorda, “tomou conta das operações no Afeganistão”, “centenas de milhares de soldados europeus serviram, desde então, no Afeganistão” e “mais de mil pagaram o derradeiro preço numa operação que é uma resposta direta a um ataque dirigido aos Estados Unidos”. As críticas a Trump são fortes, mas o ex-primeiro-ministro da Noruega reconhece que os aliados dos EUA na NATO precisam de aumentar as contribuições para assegurar o financiamento da organização, uma das exigências que o presidente eleito fez durante a campanha eleitoral, baseado no facto de 70% do orçamento ser suportado pelos cofres norte-americanos.

“É muito fácil tomar como garantidas as liberdades, a segurança e a prosperidade de que desfrutamos” escreve Jens Stoltenberg, antes de considerar que, “nestes tempos de incerteza, precisamos de uma liderança americana forte e precisamos que os europeus carreguem sobre os ombros a sua parte justa do fardo”. Para o secretário geral da NATO, o caminho não deve oferecer dúvidas: “acima de tudo, precisamos de reconhecer o valor da parceria entre a Europa e os Estados Unidos. Permanece indispensável para ambos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR