O que sabemos
Houve uma explosão no reator 1 da central nuclear de Flamanville, uma comuna no departamento de Mancha, no noroeste de França. Eram 9 horas em Lisboa, mais uma o país.
A explosão aconteceu na sala das máquinas desse reator — considerada uma “zona não nuclear” — e levou ao seu encerramento, mas as autoridades insistem que não há risco de radiação.
Como não houve libertação de material radioativo, esta explosão não representa um acidente nuclear.
Há cinco pessoas com sinais de “ligeira intoxicação” provocada pelo fumo do incêndio, mas não estão em estado grave.
A EDF, principal distribuidora de energia elétrica em França, garante que a explosão não compromete o funcionamento da central nuclear, nem representa perigo para o ambiente.
Olivier Marmion, diretor de gabinete do departamento de Mahca, acrescentou que a explosão foi “um evento técnico significativo” em que um ventilador (que fica junto às turbinas que geram eletricidade, mas não está em contacto com as instalações nucleares) provavelmente sobreaqueceu.
Este é o local onde a EDF está agora a construir um reator nuclear de terceira geração que estará pronta a utilizar já no próximo ano. A polícia declarou o “fim do incidente” às 12 horas francesas, 11 horas portuguesas. A hipótese de um ataque terrorista já foi excluída.
O que não sabemos
Como vai ser avaliado este incidente na Escala Internacional de Eventos Nucleares, que descreve os incidentes nucleares e estuda quão perigosos são, mas poderá não passar do nível 2 (por norma, os eventos nucleares em Almaraz, Espanha, são avaliados em nível 0 ou 1.
Também não há certezas sobre o que originou o sobreaquecimento do ventilador na sala das máquinas, nem como vai reagir todo o sistema da central nuclear nos próximos dias.
Continua a ser pouco claro qual é o risco deste incidente para o funcionamento seguro da central nuclear de Flamanville: o facto de as autoridades, que têm feito várias inspeções e correções a esta infraestrutura, terem encerrado o reator pode indicar que a segurança no local está comprometida.
Embora seja muito pouco provável que Portugal possa ser afetado por um acidente nesta central, enquanto não for conhecida a real dimensão da explosão não se pode prever qual vai ser o efeito do incidente a nível internacional.
O contexto
A central nuclear de Flamanville é do mesmo tipo da que existe em Almaraz, mas ligeiramente mais recente e moderna.
Começou a ser construída em 1979, está operacional desde 4 de dezembro de 1985 e o seu prazo de vida acaba já em 2019 (daí a EDF estar a construir um novo reator de terceira geração na mesma planta).
A central, que produz 1.3 GWe (gigawatts) de energia, já foi palco de alguns problemas de segurança: embora tenha sido projetada para ser a mais segura do que qualquer outro reator — e mesmo após um investimento três vezes maior do que o previsto –, o enfraquecimento do aço utilizado no reator já tinha levantado preocupações em Flamanville.
Ainda em abril 2015, a Areva (multinacional francesa especialista em centrais nucleares) informou a Autoridade de Segurança Nacional que encontrou anomalias nos reatores que demonstram “valores de resistência mecânica inferiores ao esperado”.
Dois meses mais tarde, várias falhas nas válvulas de segurança do sistema de resfriamento foram descobertas pela autoridade reguladora.