A Polícia Judiciária terá apreendido toda a documentação das viagens que António Mexia realizou a Nova Iorque, bem como todos os pagamentos que a EDP efetuou à Universidade de Columbia, segundo noticia o Correio da Manhã na sua edição de papel. Em causa está o apoio que a elétrica nacional deu aquela prestigiada universidade norte-americana, localizada no Estado de Nova Iorque, e que terá permitido, entre outras atividades académicas, a realização de um seminário sobre energias renováveis onde Manuel Pinho, ex-ministro da Economia do Governo de José Sócrates, lecionou.
O ex-primeiro-ministro José Sócrates terá igualmente discursado na mesma Universidade no âmbito das actividades académicas apoiadas pela EDP.
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Manuel Pinho, contudo, ainda não foi constituído arguido nem é oficialmente considerado suspeito de qualquer crime. Os únicos arguidos do caso são, para já, António Mexia (presidente da EDP), Manso Neto (administrador da EDP e presidente da EDP Renováveis), João Conceição (ex-assessor de Manuel Pinho no Ministério da Economia e administrador da REN) e Pedro Furtado (atual diretor da REN).
Tal como o Observador já noticiou, a Judiciária está a analisar a relação entre esse apoio à Universidade de Columbia e os chamados contratos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC). Apesar da legislação ter começado a ser preparada pelo Governo de Durão Barroso (o Correio de Manhã refere que terá sido o Governo de Santana Lopes, através do ministro Álvaro Barreto, a aprovar a mesma), foi o Governo de José Sócrates, através do ministro Manuel Pinho, que fez a negociação e criou os CMEC. O Departamento Central de Investigação e Ação Penal, que lidera a investigação coadjuvado pela PJ, suspeita que terão sido praticados alegados crimes de corrupção activa e passiva e de participação económica em negócio na execução de tais contratos.
O Correio da Manhã refere ainda, citando um estudo da Universidade de Cambridge, que os CMEC garantem à EDP uma rentabilidade de 14,2% e uma receita anual de cerca de 900 milhões de euros. Estes estudos foram encomendados por Henrique Gomes, ex-secretário de Estado do Governo de Passos Coelho. Gomes quis apresentar estes dados publicamente, já que seria uma base importante da sua decisão de cortar as rendas que a EDP tinha com os CMEC, mas foi impedido de o fazer. O que acabou por estar na origem da sua saída do Executivo.
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