Donald Trump tirou 17 dias de férias da Casa Branca, mas, a julgar pelo primeiro dia afastado de Washington D.C., não pretende tirar férias da política – nem do Twitter. Esta segunda-feira, depois de acordar no seu resort de golfe em Bedminster (Nova Jérsia), o Presidente norte-americano usou a rede social para atacar um dos seus alvos preferidos: o jornal “The New York Times”, que acusou de ser “completamente inapto”.

Seguiu-se uma série de tweets sobre os temas que Trump considera estarem a “aproximar” os seus eleitores de base: “O facto é que a Notícia Falsa do conluio com a Rússia, a Bolsa de Valores com valores recorde, segurança na fronteira, força militar, empregos, escolha para o Supremo Tribunal, entusiasmo económico, desregulação e muito mais têm aproximado a base Trump ainda mais”, escreveu o Presidente, que logo de seguida enumerou os vários órgãos de comunicação social norte-americanos que considera divulgarem habitualmente “notícias falsas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas a manhã não se ficou por aqui. Para além de esclarecer os seus seguidores sobre o facto de estar fora da Casa Branca por esta estar a ser alvo de obras de renovação, Trump aproveitou a onda de tweets para fazer um novo ataque, desta vez a um indivíduo em concreto: Richard Blumenthal, senador democrata do Connecticut. Trump não poupou nas palavras e classificou Blumenthal de “vigarista do Vietname”, dizendo que este se gabou dos seus feitos na guerra, mas que “chorou como um bebé e pediu perdão como uma criança”.

Ataque a Senador com base em artigo do “inapto” New York Times

Trump escolheu Blumenthal como alvo na sequência de uma entrevista que o senador deu à CNN, onde fez críticas ao Governo norte-americano. Blumenthal, que é membro do Comité Judicial do Senado, disse-se “muito preocupado” com a atuação do Departamento da Justiça e mencionou um possível “efeito arrepiante na imprensa e nos denunciantes”. O senador disse ainda ser a favor da continuação da investigação do conselheiro especial Robert Mueller – que tem analisado as suspeitas de intromissão da Rússia na campanha eleitoral norte-americana e as possíveis ligações da campanha de Donald Trump ao Kremlin.

Curiosamente, como explica a edição online da revista “Newsweek”, a base para as acusações de Trump contra Blumenthal têm como base um artigo do próprio “New York Times”, de 2010. À altura, o jornal desmentiu a afirmação do à altura candidato ao Senado de que tinha servido no Vietname, dando conta de que Blumenthal conseguiu vários adiamentos e acabou por ficar apenas como Fuzileiro na reserva. “Cometi erros e lamento”, acabaria por reconhecer mais tarde o candidato.

Donald Trump, por seu lado, também não serviu como militar na guerra do Vietname, tendo conseguido cinco adiamentos (três por doença e dois relacionados com os estudos). Tal não o tem inibido de criticar a folha de serviço de Blumenthal ou, no passado, a de John McCain, que acusou de “não ser um herói de guerra” por se ter “deixado capturar”.

Esta segunda-feira, o próprio Blumenthal apressou-se a responder ao Presidente. “Senhor Presidente: o seu bullying não funcionou antes e não vai funcionar agora. Ninguém está acima da lei”, escreveu o senador. No Twitter, é claro.