A conclusão resulta de um trabalho levado a cabo em países como a Dinamarca ou a Itália, pela Nissan Motor Company. Segundo os ensaios realizados pelo fabricante nipónico, só na Dinamarca, o proprietário de um carro eléctrico consegue obter um retorno de até 1.300€ com a energia em excesso que, acumulada no veículo e não sendo necessária, vende depois à rede. Obviamente, para depois e durante a noite, voltar a carregar a bateria num período em que a electricidade é mais barata.

O estudo, avança a Bloomberg, mostra assim como a energia acumulada nas baterias dos automóveis eléctricos pode ajudar a não só diminuir as necessidades de uma habitação, em períodos de pico, como também representar uma fonte de rendimento extra para os proprietários dos carros. Basta para tal que estacionem o carro eléctrico num posto de carga especial de duas vias – que possa abastecer energia, mas também retirá-la, quando solicitado – e procedam à venda de electricidade à rede.

Já para os gestores das redes de energia, a possibilidade de o veículo eléctrico funcionar também como um fornecedor acaba por trazer mais um desafio, isto numa altura em que as empresas já tentam integrar novas fontes de energia limpa, como os painéis solares ou os sistemas de produção de energia eólica. Sendo que, com inclusão dos automóveis plug-in, as empresas estão obrigadas a diferenciar os momentos em que o carro está a ir buscar energia ao sistema, dos outros em que está a fornecê-la, o que será relativamente fácil com o recurso a postos de carga de nova geração, ou seja, de dupla via.

A verdade é que, a partir do momento em que estamos a introduzir um número massivo de carros eléctricos no mercado, sem qualquer controlo ou estudo sobre o impacto que irão ter na rede de electricidade, podemos estar a criar novos problemas”, alerta o director de serviços de energia da Nissan, Francisco Carranza, em entrevista à Bloomberg New Energy Finance.

Apesar de estar a promover ensaios com mais de 100 carros em toda a Europa, segundo o mesmo interlocutor, apenas na Dinamarca os proprietários de veículos eléctricos conseguem ganhar dinheiro com a energia dos seus carros que, através do recurso a pontos de carregamento de duas vias, disponibilizam à rede eléctrica.

Já no Reino Unido, as conclusões da Nissan apontam para que, devido às restrições de acesso ao mercado, só uma empresa com mais de 150 carros é que poderá ser remunerada pela energia vendida à rede. Situação que, acredita Carranza, poderá ser alcançada até ao final do ano. “É viável”, garante, acrescentando que “trata-se apenas de encontrar o modelo certo para implantar o negócio em larga escala”.

Segundo a Bloomberg, as previsões apontam para que a procura por automóveis eléctricos dispare a nível mundial, colocando maior pressão nas companhias que gerem as redes de energia, para que encontrem novas formas de garantir a estabilidade. Até porque a procura de energia, por parte destes veículos, tenderá a crescer dos actuais 6 TWh, para uns bem mais substanciais 1.800 TWh em 2040.

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