O Governo fez o que poderá ser “a maior revolução que a floresta conheceu desde os tempos de D. Dinis” mas todos os que agora criticam “foram incapazes de dedicar 60 segundos” ao tema quando esteve em discussão pública.
A acusação é de Luís Capoulas Santos, ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que em entrevista à Lusa lamenta que tenha sido preciso a tragédia de Pedrógão Grande (64 mortes num incêndio em junho) para aparecerem entendidos que apenas criticam mas que em nada contribuíram.
“Todos os que estiveram distraídos durante um ano, todos os que passaram depois de Pedrógão a comentar a floresta todos os dias, foram incapazes de dedicar 60 segundos à discussão do tema quando ele esteve em discussão pública. Foram nessa altura incapazes de avançar com qualquer crítica, qualquer sugestão. Ocorreu a tragédia e de todos os lados surgiram entendidos sobre a matéria e ainda por cima acusando o Governo de não ter trabalhado sobre o assunto, quando esse trabalho estava em marcha e era visível, estava até publicado no Diário da Republica”, disse.
Agastado, Capoulas Santos responde aos que o criticam que o programa do Governo foi aprovado em 2015 e que contemplava as medidas sobre a floresta. O trabalho para a sua preparação decorreu da criação de um grupo interministerial decidido em agosto do ano passado, o Governo aprovou todo o pacote sobre a floresta em março último, “depois de um longo período de discussão pública”, enviando de seguida os diplomas para o Parlamento. Tudo antes, recordou o ministro, da tragédia de Pedrógão, em junho.
Apesar das dificuldades, apesar de ter sido “penoso” ouvir críticas dos que não apresentaram propostas, estão aprovados 10 dos 12 diplomas sobre a floresta, resultado de dois conselhos de ministros, debate parlamentar e acompanhamento do Presidente da República. Se foram aprovadas portanto terão certamente “algum mérito” disse o ministro.
Lembrando que quando da anterior passagem pelo Governo (de António Guterres) criou as equipas de sapadores florestais (projeto que não avançou depois), e que já nessa altura a floresta era uma prioridade, Capoulas Santos é perentório a afirmar que “este Governo chegou à conclusão de que era a hora da floresta”.
Tal, afirmou na entrevista à Lusa, ficou desde logo simbolizado na designação do Ministério da Agricultura e Florestas. E depois acrescentou: “Estou muito satisfeito por um ano depois termos conseguido fazê-lo, contra tudo e contra todos, contra lóbis, comentadores, cientistas, e ninguém teve coragem de destroçar esta reforma”.