Aconteceu no passado dia 30 de setembro de 2016 e desde então tem estado em todos os jornais britânicos: Lavinia Woodward, 24 anos, uma promissora estudante de medicina da Faculdade Christ Church, da Universidade de Oxford, esfaqueou e agrediu o namorado, Thomas Fairclough, também ele estudante, mas em Cambridge, num acesso de raiva alimentada a álcool e cocaína.
Primeiro deu-lhe um murro na cara, depois atirou-lhe com um copo, um computador portátil e um frasco de compota, no fim espetou-lhe uma faca de pão, descreveram ao longo do último ano os media ingleses, que acompanharam exaustivamente o processo em tribunal que esta segunda-feira chegou ao fim.
“Parece-me que se isto foi um ato isolado, um ato completamente isolado, impedir esta extraordinária jovem de perseguir o desejo que acalenta há tanto tempo de entrar na profissão com que sonha seria uma punição demasiado severa”, já tinha dito há meses o juiz Ian Pringle, durante uma das audiências. Agora, o veredicto foi confirmado: dez anos de prisão com pena suspensa durante 18 meses.
A viver atualmente com a mãe em Milão, Lavinia Woodward – que queria ser cirurgiã cardíaca – não deverá voltar para Oxford. Porque o caso se tornou muito mediático o que torna o objetivo “quase impossível”, foi a explicação dada por James Sturman, o seu advogado, ao The Guardian. Porque a universidade está agora a ponderar aplicar-lhe uma série de medidas disciplinares, incluindo a expulsão, é a versão avançada pelo The Times.
Lavinia, que de acordo com o próprio advogado “já nem pode ir a uma discoteca em Londres, porque toda a gente a conhece”, sofre de um transtorno de personalidade, de outro alimentar, e tem uma dependência de álcool e drogas. Explicou-lhe o juiz ao proferir a sentença esta segunda-feira, o facto de ter aceitado fazer reabilitação funcionou como circunstância atenuante: “Ao longo dos últimos nove meses mostrou que está determinada em livrar-se do seu vício em álcool e drogas e foi submetida a um tratamento extensivo, que incluiu aconselhamento, para tentar resolver os muitos problemas com que está a lidar”.
Thomas Fairclough, o ex-namorado agredido que conheceu no Tinder e cuja chamada desesperada para a linha de emergência foi reproduzida pelos tablóides — “Acho que a minha namorada consumiu uma data de drogas, está a atirar uma data de coisas aqui em casa. A minha mão! A minha namorada esfaqueou-me! Venham depressa!” –, não se manifestou ainda sobre o veredicto.
Mas o que não falta é quem acuse Ian Pringle de favorecer Lavinia Woodward — pelo seu tom de pele, pelo sua condição social e pelo seu género. “Imaginem quão longa seria a sentença aplicada a um homem da classe operária que tivesse esfaqueado a namorada depois de consumir cocaína”, criticou uma utilizadora no Twitter.
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