O jornalista angolano Pedro Teca denunciou ter sido detido pelas autoridades durante a cerimónia de investidura do novo Presidente de Angola, que decorreu esta terça feira em Luanda, apesar de estar credenciado para cobrir o evento.

Segundo o relato feito pelo próprio Pedro Teca, o jornalista, que se encontrava ao serviço do jornal angolano “Folha 8”, foi levado por elementos do protocolo da cerimónia quando se encontrava em serviço, no interior do recinto, no Memorial António Agostinho Neto, juntamente com outros profissionais da comunicação social.

Pedro Teca, que há vários anos integra também o denominado grupo de jovens revolucionários angolanos (Revús), críticos do regime de José Eduardo dos Santos, afirma ter estado detido, às ordens da polícia, enquanto decorreu a cerimónia de investidura do novo Presidente, João Lourenço, num período de duas horas, tendo sido depois libertado.

Não foram adiantados motivos para esta retenção, que foi igualmente confirmada pelo diretor do jornal “Folha 8”, William Tonet: “Crime: ser do F8, pensar livre e democraticamente. Afinal é tudo igual e mais do mesmo. João [Lourenço] anuncia que vai ser pior do que [José Eduardo] dos Santos”.

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A liberdade de imprensa foi precisamente um dos temas que João Lourenço abordou no seu discurso de investidura de hoje, durante o qual reconheceu o “assinalável progresso”, nos últimos 15 anos, na “qualidade da informação”, apesar de admitir que ainda há trabalho a fazer no que toca à liberdade de imprensa no país.

“Estamos conscientes que ainda há muito por fazer e que estamos longe de atingir o ideal nessa matéria”, admitiu o novo chefe de Estado, que sucede a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos.

João Lourenço aproveitou o primeiro discurso enquanto Presidente da República de Angola para prometer um “maior investimento público” no setor da comunicação social, e com isso garantir “o acesso a informação fidedigna” em todo o país.

“Apelo, pois, aos servidores públicos para que mantenham uma maior abertura e aprendam a conviver com a crítica e com a diferença de opinião, favorecendo o debate de ideias, com o fim último da salvaguarda dos interesses da nação e dos cidadãos”, concluiu João Lourenço.

Milhares de pessoas, incluindo algumas centenas de convidados e cerca de duas dezenas de chefes de Estado e de Governo, assistiram à cerimónia de investidura do novo Presidente angolano, perante fortes medidas de segurança em Luanda, com meios da Polícia Nacional e das Forças Armadas Angolanas.