Os líderes republicanos no Senado norte-americano decidiram adiar a votação à revogação do Affordable Care Act, popularmente conhecido Obamacare, após terem percebido que a medida chumbaria na câmara. “Devido a eventos que estão sob o nosso controlo e a outros que não estão, não temos os votos”, admitiu o senador do Louisiana e um dos promotores da proposta de lei, Bill Cassidy.

“Assim, tomámos a decisão de adiar a votação. Se estou desapontado? Completamente”, disse.

A decisão surgiu esta terça-feira, um dia depois de ser conhecida a posição de Susan Collins, senadora do Partido Republicano, do Maine, que anunciou o seu voto contra a anulação do programa. “Reformas radicais ao nosso sistema de saúde e ao Medicaid [programa de saúde social] não podem ser bem feitas num espaço de tempo tão curto”, declarou a senadora, alertando ainda que esta proposta “irá abrir a porta aos estados para enfraquecerem a proteção a pessoas com questões pré-existentes como asma, cancro, doença cardíaca, artrite ou diabetes”.

Collins tornou-se assim a terceira senadora republicana a anunciar que tencionava votar contra a revogação do sistema de saúde criado por Barack Obama, juntando-se a Rand Paul e a John McCain — o que significaria que a anulação seria chumbada. A decisão levou o Presidente norte-americano, Donald Trump, a dizer-se “desapontado com uns tipos que se dizem republicanos”.

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O adiamento da votação é mais um momento falhado na luta dos republicanos para reverter o programa criado por Barack Obama em 2010, que tem como objetivo criar uma alternativa estatal aos seguros de saúde privados. Trump prometeu repetidamente ao longo da campanha presidencial que iria “anular e substituir” o Obamacare, que considera “um desastre”.

A primeira tentativa, com uma votação no Senado em julho, falhou. Foram 51 votos contra a revogação do programa que deu seguro de saúde a 20 milhões de americanos, entre eles o de Susan Collins e o de John McCain. A nova votação deste mês foi agora morta à nascença e não chegou sequer a ser apresentada na câmara a fim de ser aprovada. A probabilidade de tal acontecer m breve parece baixa, já que seria preciso mudar a posição dos senadores dissidentes. E uma alteração da composição do Senado só ocorrerá depois das eleições intercalares de 2018, podendo o Partido Republicano nem sequer sair vencedor.

“Não desistimos de mudar o sistema de saúde americano”, garantiu o senador Mitch McConnell, líder da maioria republicana na câmara alta. “Não vamos conseguir fazer isso esta semana, mas é algo que ainda está à nossa frente e não desistimos disso.”

Até lá, há que escolher outras batalhas e os republicanos parecem já tê-lo feito: McConnell anunciou que agora o grande objetivo do partido será o de alterar o código tributário.