O Governo norte-americano está a comunicar diretamente com as autoridades da Coreia do Norte para avaliar se estão disponíveis para negociar cedências ao programa nuclear. A informação é avançada pelo secretário de Estado, Tex Tillerson, no que foi até agora o reconhecimento mais claro da existência de contactos diretos entre os dois países, para além da troca de galhardetes públicas entre Donald Trump e Kim Jong Un.
“Temos o poder de falar com eles e estamos a falar com eles“, disse Rex Tillerson, o responsável pela diplomacia americana, este sábado numa conferência em Pequim, acrescentando que os Estados Unidos possuem “dois ou três canais abertos com Pyongyang”. No passado, os governos americanos e norte-coreano falavam através de altos funcionários de países seus aliados.
Os Estados Unidos sondaram ainda a Coreia do Norte sobre a possibilidade de discussão do programa nuclear. “Nós colocamos questões. Temos linhas de comunicação com Pyongyang, não estamos no escuro completo.”
A Coreia do Norte realizou o sexto e mais poderoso teste nuclear no dia 3 de setembro e lançou mais de doze mísseis, numa demonstração do seu poder atómico que tem como objetivo demonstrar a capacidade de atingir o território americano. E escalada coreana parece imparável, apesar da sanções acrescidas das Nações Unidas e de um discurso internacionais mais duro, incluindo o das potências tradicionais aliadas do regime.
Donald Trump já avisou que todas as opções estão abertas para travar Pyongyang, incluindo a militar. Porém, altos responsáveis da Administração norte-americana reconhecem que uma intervenção militar na península coreana seria complicada e melindrosa, colocando em perigo a população sul-coreana.
Os esforços diplomáticos de Rex Tillerson colidem contudo com a escalada verbal entre Donald Trump e Kim Jon-Un, repleta de insultos e acusações.
Este sábado, um órgão de propaganda norte-coreano voltou a “bombardear” Trump com injúrias, chamando-o de “velho psicopata” e dizendo que a sua atitude provocará “um desastre nuclear que reduzirá a América a um mar de chamas”.
Esta espiral verbal tem alarmado a comunidade internacional que teme que um novo ensaio nuclear norte-coreano no Pacífico provoque uma resposta militar norte-americana.
Contrastando com os ‘tweets’ de Trump, Tillerson considera que a situação está um pouco mais calma, observando que todo o mundo deseja que haja paz.
Após a aprovação de sanções internacionais, a China anunciou na terça-feira que as empresas norte-coreanas no seu território devem encerrar até janeiro, tendo o gigante asiático confirmado que limitará drasticamente a exportação de produtos petrolíferos refinados para a Coreia do Norte.
Pequim defende também a ideia de uma “dupla moratória” que implique simultaneamente a suspensão dos ensaios balísticos nucleares de Pyongyang e o fim das manobras militares envolvendo os Estados Unidos e a Coreia do Sul