Um homem entrou a matar, este domingo, numa igreja Batista em Sutherland Springs, no estado do Texas, nos EUA. Morreram 26 pessoas, de acordo com a informação divulgada pelo governador do Texas, Greg Abbott, em conferência de imprensa. O atacante morreu, depois de ter fugido da igreja onde poderá ter sido logo ferido por um habitante local.

Das 26 pessoas, 23 morreram dentro da igreja, duas fora da igreja e uma já no hospital.

“Perderam-se 26 vidas. Não sabemos se esse número aumentará ou não, tudo o que sabemos é que é demais, e este será um longo e sofredor luto para aqueles que estão a sofrer. Pedimos o conforto de Deus, a orientação de Deus e a cura de Deus para todos os que estão a sofrer. Como governador, peço a todas as mães e pais em casa esta noite, que coloquem o braço em torno do vosso filho, lhes deem um abraço grande para que eles saibam o quanto vocês os amam”, declarou Greg Abbott, citado pela CNN.

As vítimas mortais têm entre cinco e 72 anos, ainda de acordo com as autoridades presentes na conferência de imprensa. O xerife Joe Tackitt, do condado de Wilson, disse que ainda se não sabem nomes de vítimas. “Quando soubermos nomes vamos contactar as famílias.”

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Ao The New York Times, David Keen, um agente no condado de Wilson, disse que “havia crianças envolvidas” no tiroteio. E à ABC News, o pastor daquela igreja Frank Pomeroy — que estava em Oklahoma — confirmou que a sua filha de 14 anos, Annabelle Renee Pomeroy, está também entre os mortos. Anabelle “era uma criança muito bonita e especial”, disse em entrevista telefónica.

Cidadão que disparou contra atirador perseguiu-o e deu direções à polícia

Praticamente logo a seguir à notícia a dar conta do tiroteio chegava a informação de que o atirador tinha morrido após uma perseguição, sem se saber em que condições tal teria ocorrido. A seguir ao tiroteio, o cidadão que poderá ter atingido o atirador perseguiu-o num carro, conduzido por um segundo homem que ia a passar acidentalmente pela zona do massacre.

O condutor que por ali passava por acaso, Johnnie Langendorff, conta como foi surpreendido pela situação, não chegando sequer a ver o atirador. “Nunca conseguiu olhar bem para ele”, citado pelo Washington Post. “Nunca o vi a ele, vi os disparos da arma.”

Depois, o atirador iniciou a sua fuga numa carrinha preta, ao mesmo tempo que um civil armado com uma espingarda corria atrás dele. Nesse momento, o cidadão, cujo nome não foi revelado, subiu para a carrinha de Johnnie Langendorff, que perseguiu o fugitivo a alta velocidade, perto dos 150 quilómetros por hora. “Ele disse rapidamente o que é que se tinha passado e disse-me que tinha de ir atrás dele”, recordou Johnnie Langendorff. “Então, foi o que fiz.”

Enquanto perseguiam o atirador, mantiveram-se em contacto. “Eu estava ao telefone com as autoridades durante aquele tempo todo”, disse o condutor. “Dei-lhes indicações a dizer em que estrada é que estavamos, a dizer que estávamos a ver o carro e que estávamos cada vez mais perto dele”, disse.

A certa altura, o carro do atirador despistou-se e deixou de andar. “O senhor que estava comigo saiu, apoiou a espingarda no capot do carro e apontou para ele. Depois disse-lhe para sair, mas não havia movimento nenhum, nõa havia nada”, disse Johnnie Langerdorff. “Só sei que as luzes dos travões estavam a acender e apaga, por isso ele devia estar inconsciente por causa do acidente ou algo do género, não tenho a certeza.”

Para já, não é certo se o ferimento de bala que acabou por matar foi uma consequência do confronto do paroquiano com o atirador ou se foi um tiro auto-infligido. Freeman Martin, do Departamento de Segurança Pública do Texas, disse que o criminoso foi encontrado morto no seu veículo, cheio de armas, depois de ter fugido . “Não sabemos se se suicidou”, disse. O que se sabe é que o atirador foi possivelmente ferido com gravidade por um local que o intercetou fora da igreja.

O atirador foi identificado como sendo Devin Patrick Kelley, um ex-veterano da Força Aérea com 26 anos. Segundo o The New York Times, foi casado pelo menos uma vez. O divórcio seguiu-se, em 2012, depois de Devin Patrick Kelley ter sido julgado em tribunal marcial por suspeitas de agressão à sua ex-mulher e ao filho. Foi condenado a um ano de prisão e, em 2014, foi exonarado por má conduta.

https://twitter.com/TodaysLoop/status/927317497514201089

Também a Associated Press se refere a este homem, que viveria no condado de Comal, nos subúrbios de San Antonio, e escreve que o mesmo não parece ter ligações a grupos terroristas, embora os investigadores estejam a vasculhar as suas publicações nas redes sociais, nomeadamente uma em que aparece a mostrar uma AR-15, uma semiautomática.

No Hospital Universitário de San Antonio, que é um centro de trauma, deram entrada oito pacientes, de acordo com a porta-voz Leni Kirkman, citada pela CNN.

O FBI diz que ainda não é conhecido o motivo dos disparos e, apesar de só ter sido relatada a presença de um atirador, os agentes não colocam de lado a hipótese de haver mais do que um, escreve a BBC.

O autor dos disparos entrou na igreja daquela pequena localidade, com pouco mais de 600 habitantes, que fica a cerca de 56 quilómetros de San Antonio, pelas 11h30 locais (17h30 de Portugal), enquanto decorriam as celebrações e disparou sobre os fiéis. Uma testemunha que trabalha numa bomba de gasolina nas proximidades da igreja diz que ouviu 20 disparos.

Donald Trump, que chegou este domingo ao Japão, na primeira etapa da sua primeira visita oficial à Ásia, já reagiu via Twitter ao acontecimento — “Que Deus esteja com o povo de Sutherland Springs, Texas” — dizendo que está a “monitorizar a situação do Japão”.

O governador do Texas, Greg Abbott, já veio manifestar o seu pesar na conta oficial de Twitter: “As nossas orações estão com todos os que foram atingidos por este ato malvado. Os nossos agradecimentos às autoridades pela resposta”.

No local, estão várias equipas de socorro médico e, além de elementos do FBI, também a polícia local. Foram ainda enviados para o terreno helicópteros.

A Reuters lembra que o tiroteio ocorreu no oitavo aniversário do massacre de 5 de novembro de 2009 na base do Exército Fort Hood no centro do Texas, em que morreram 13 pessoas.