Passos Coelho, Pedro Santana Lopes e Rui Rio são pessoas com “personalidades muito diferentes” e, por isso, “a mudança de liderança do PSD levará a uma diferença de perceção” dos portugueses sobre o partido. Isso é certo, mas Maria Luís Albuquerque não acredita que haverá mudanças de fundo na estratégia ou na matriz ideológica do PSD: “Ambos se revêem nessa matriz”, diz.
Em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença, a ex-ministra das Finanças e atual vice-presidente do PSD rejeita que sejam precisos “afetos” para o PSD voltar ao poder em 2019. ”
Acho que os portugueses precisam, sobretudo, é de ter uma alternativa a uma forma de governação que sintam que representa melhor aquilo que são as suas ambições e necessidades”, diz, acrescentando que “as personalidades têm alguma influência, mas a maneira como os políticos se posicionam é também influenciada pelas circunstâncias”.
Ou seja, a própria Maria Luís e Pedro Passos Coelho também teriam tido, eventualmente, uma atitude diferente se não tivessem governado em circunstâncias “tão difíceis”. Teriam sido mais afetuosos? Talvez.
Mas a ex-ministra insiste que em política, na hora de escolher uma alternativa de governação, o essencial não são os afetos. E para isso lembra Cavaco Silva: “Toda a vida vi na imprensa que as pessoas não gostavam dele e ganhou quatro maiorias absolutas, que é coisa que ninguém conseguiu até hoje e que dificilmente se replicará”. “A questão do gostar, no sentido de a pessoa ser mais ou menos afetuosa não me parece que seja assim tão determinante nas escolhas”, diz. Ou, por outras palavras: “A confiança não depende necessariamente dos afetos ou da perceção de quem é que se gosta mais”.
Sobre a não-recandidatura de Passos Coelho à liderança do PSD, Maria Luís tem “pena”, e sobre a escolha entre Rui Rio ou Pedro Santana Lopes, diz que “ainda precisamos de ouvir bastante os dois candidatos”.
O importante é que qualquer um deles seja capaz de manter o PSD como uma alternativa sólida, credível, em que os portugueses possam confiar para o futuro do país”, avisa.
Ao CDS de Assunção Cristas avisa que “o PSD continua a ser um partido de muito maior dimensão e implementação”, que tem “sempre a ambição de obter um resultado que lhe permita governar sozinho”. Só se não o conseguir é que o CDS aparece como “aliado natural”.
Sobre o Orçamento do Estado, a ex-governante critica as escolhas de Mário Centeno e concorda com Rui Rio ao dizer que “ter défice zero ou excedente é uma coisa positiva”, assim como que “reduzir a dívida, em percentagem do PIB ou em valor absoluto, é o maior contributo que podemos dar para a sustentabilidade futura”. Tudo o que o atual Governo não está a fazer, defende.