As autoridades de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estão a encerrar mesquitas da província que se supõe terem sido frequentadas por membros de um grupo armado que há um mês matou polícias e sitiou uma vila.
Foi uma medida tomada pelo Governo e que abrange apenas as mesquitas que tiveram algum contacto com o grupo de cidadãos envolvidos nos acontecimentos de Mocímboa da Praia”, anunciou Álvaro Gonçalves, diretor provincial de Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, citado esta sexta-feira pelo jornal Notícias.
Segundo aquele responsável, foi já ordenado o encerramento de três locais de culto em Pemba, capital provincial, e a medida vai abranger outros na mesma cidade, bem como nos distritos de Chiúre, Montepuez, Macomia, Mocímboa da Praia, Palma e Nangade.
A ação está a ser levada a cabo com o acompanhamento de duas das congregações muçulmanas de Moçambique, o Conselho Islâmico e o Congresso Islâmico. Nassurulahe Dulá, líder do Congresso Islâmico em Pemba, refere que nos locais abrangidos era promovido o radicalismo islâmico.
Em entrevista à Lusa, em outubro, por altura dos ataques, o dirigente religioso referiu que há comunidades da província que estão a ser mobilizadas para se insurgirem contra as instituições do Estado e instituírem uma visão radical do Islão, que terá contribuído para as agressões.
No entanto, o historiador moçambicano Yussuf Adam, também numa entrevista à Lusa, queixou-se no início de novembro daquilo que classifica como falta de transparência no processo de investigação e detenções em curso.
Os ataques de dezenas de homens armados à polícia em Mocímboa da Praia fez com que todos os serviços estivessem encerrados durante dois dias, 5 e 6 de outubro, em que houve tiroteios esporádicos na vila entre o grupo e as autoridades.
Uma semana depois houve um novo confronto no mato, nos arredores de Mocímboa, em aldeias cuja população relata ter continuado a ouvir tiroteios, pelo menos, até à segunda quinzena de outubro. Dois polícias foram abatidos, outros quatro agentes de autoridade terão morrido numa emboscada e pelo menos 14 atacantes terão perdido a vida nos confrontos, de acordo com os últimos dados do Governo.