Chumbado. Quase todos os trabalhadores do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) manifestaram-se conta a transferência da sede do organismo para o Porto, uma intenção anunciada pelo Governo.
Num inquérito realizado num plenário promovido pela comissão de trabalhadores do Infarmed esta quarta-feira, 97% dos trabalhadores presentes mostraram-se contra a mudança e indisponíveis para ir trabalhar para o Porto. O organismo emprega cerca de 350 pessoas, mas só estiveram no plenário cerca de 310 trabalhadores, o que ainda assim coloca a taxa de reprovação à mudança acima dos 90%.
Rui Spínola, da Comissão de Trabalhadores do Infarmed, revelou que a tutela vai criar um grupo de trabalho para avaliar as implicações da transferência dos trabalhadores do Infarmed para o Porto. E, se a conclusão for não passar a agência para o norte, a decisão volta atrás, disse. Em conferência de imprensa esta quarta-feira, Spínola apontou cinco riscos que podem resultar desta mudança.
- Perda de quadros técnicos altamente especializados que terá “inevitavelmente impacto nas continuidade das atividades”, disse o representante dos trabalhadores.
- A mudança prejudica a coordenação e articulação com parceiros, instituições públicas e privadas.
- Afeta a estabilidade nas equipas experientes.
- Enfraquece a “posição do Infarmed a nível nacional e europeu”
- Perturba as atividades relacionadas com a indústria farmacêutica e sua internacionalização, criando constrangimento à exportação e perda de reconhecimento internacional”.
Os trabalhadores da instituição vão pedir reuniões com o Presidente da República, com o primeiro-ministro e com os grupos parlamentares para analisar esta decisão do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que classificam de “inesperada e extemporânea”, ressalvando que não se trata de uma tomada de posição contra a cidade do Porto. Os representantes dos trabalhadores sublinharam que o problema não era o novo destino, o Porto, “mas sim a mudança para outra cidade. Ponto (não confundir com Porto).
O Infarmed — Agência Nacional do Medicamento tem 350 trabalhadores, mais cerca de 100 colaboradores externos que incluem especialistas e alguns deles presentes na conferência de imprensa.
O anúncio da deslocalização do Infarmed para o Porto foi feito esta terça-feira pelo ministro da Saúde, depois de a notícia ter sido avançada pelo JN. O anúncio foi feito um dia depois de se saber que a cidade tinha perdido a corrida para a Agência Europeia do Medicamento, mas o Governo tem afastado a ideia de que esta mudança representa um prémio de compensação.
A transferência será efetivada a 1 de janeiro de 2019 disse Adalberto Campos Fernandes que garantiu que “tudo será feito para que não se percam os melhores profissionais”, com a deslocalização do serviço. Mas rejeita que isso seja um problema: “Também temos na região Norte e no Porto muitos trabalhadores e peritos qualificados”. O Governo tem também assegurado que todos os direitos laborais serão salvaguardados.
Os trabalhadores queixam-se que souberam pela comunicação social
Trabalhadores do Infarmed souberam da mudança pelos jornais e estão “preocupados”