A sucessão
Rui Vitória substituiu Jorge Jesus, o treinador que saiu para o Sporting (junho)
“Vou dar a vida por este clube.” Foi esta a grande frase da sua apresentação em junho de 2015. Rui Carlos Pinho da Vitória treinou os juniores do Benfica (2004-2006). Seguiu-se Fátima, Paços e Vitória. A herança era pesada e ele escapou à promessa dos canecos. Preferiu falar em “entrega, trabalho e dedicação”.
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Supertaça
O primeiro tiro no porta-aviões (agosto)
Jesus entrou na cabeça de Rui Vitória. Esta foi a conclusão de muita gente, depois das palavras do novo treinador dos leões. Jesus disse que Vitória foi inteligente por não mexer, porque o Benfica ganhava. Teo Gutiérrez resolveu aos 53′. O primeiro caneco caiu para os lados de Alvalade. As dúvidas pairavam na Luz.
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O arranque
Jonas bisou na goleada ao Estoril na primeira jornada, afastando os fantasmas… (agosto)
O quatro-zero no pontapé de saída da liga engana. É que o empate no marcador só desbloqueou depois do minuto 73. Mitroglou, Jonas (2) e Nélson Semedo fizeram os golos e sossegaram os mais de 50 mil adeptos nas bancadas. A ferida do jogo com Sporting ainda estava aberta, mas um arranque destes mascarou a coisa.
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Sim senhor!
A única equipa que vence no Caldéron na Champions (setembro)
O Atlético Madrid marcou primeiro, mas este Benfica mostrou pela primeira vez o seu coração e os sentimentos que seriam recuperados na reta final da época. Gaitán e Gonçalo Guedes dariam a volta. Só o Barça conseguiu o mesmo em 2015/2016. Encarnados cairiam nos “quartos” (vs. Bayern), o Atlético chegaria à final.
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Chapa três
Mais um dérbi, mais uma para Jesus. E agora na Luz… por 3-0! (outubro)
Benfica perdeu a Supertaça e, por esta altura, já havia perdido também o Clássico no Dragão (0-1). A tareia e a lição de futebol chegou numa noite de outubro. Os alarmes soaram todos, os medos, os recalcamentos, fantasmas e dúvidas. Tudo num caldeirão a ferver. Sporting aumentava para sete (!) pontos de vantagem.
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Jesus: tri!
Taça de Portugal. Mais uma moedinha, mais uma facada no orgulho (novembro)
Quatro jogos com grandes, quatro derrotas. Da Supertaça, ao 0-3 com Sporting na Luz e à derrota no Dragão, juntou-se a eliminação na Taça de Portugal. Mitroglou marcou primeiro, Adrien empatou. Foi preciso ir a prolongamento para Slimani resolver. Aqui começou a aquecer entre SLB e SCP, com o caso Slimani-Samaris.
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Cebolada?
O primeiro murro na mesa: “O Benfica merece respeito” (novembro)
A derrota para a Taça deixou marcas e Vitória ficou nervoso. E deu o primeiro abanão (“sou bom mas não sou bonzinho”). O treinador falou em “táctica do barulho” e num penálti por marcar, a que se juntaria a controvérsia entre Slimani e Samaris. “Eu não quero ser comido de cebolada. O Benfica merece respeito”.
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A revolução
Vitória acertou na chave do sucesso: Pizzi, Renato e Fejsa em Braga (novembro)
O Benfica jogava pouco, tinha poucas ideias e andamento. A mudança mais mediática foi Renato Sanches, pelos 18 anos e pela coragem para assumir a bola. Mas Pizzi e Fejsa foram chaves, pela pedalada e equilíbrio que oferecem. Os encarnados venceram em Braga e arrancaram para uma série de 11 vitórias em 12 jogos.
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Estreia
Renato Sanches molha a sopa contra a Académica e deixa a Luz ao rubro (dezembro)
O sorriso de Rui Costa, no banco, não enganava. Aquele golo deixava muita gente orgulhosa. Depois de tanto assumir e subir, este golo levou-o ao céu, às capas dos jornais e às bocas do mundo. A pressão, a idade e/ou o peso nas pernas não permitiriam continuar com a mesma pedalada e acerto. Fica o momento especial.
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Quentinho
Vitória e Jesus voltaram a trocar galhardetes… e a subir o tom (janeiro)
Foi um mês quentinho. Jesus disse que não qualificava Vitória como treinador, por isso não era um mau colega. Vitória lembrou-lhe que com a idade dele, Jesus andava na 2.ª Divisão… Jesus, que voltou a mencionar o Ferrari, picou-se e desatou a dizer o seu CV. E lá disse que só queria que Rui saísse da toca…
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Mercado
André Carrillo no Benfica (janeiro)
A vingança pelo resgate de Jorge Jesus à Luz, chegou em janeiro, com a contratação do extremo talentoso. O Sporting teve proposta do Leicester, que seria o futuro campeão inglês, mas Carrillo acabaria por preferir ficar sem jogar para assinar pelo Benfica.
JOS
Hat-trick!
Goleada no Restelo e liderança (fevereiro)
Se esquecermos a primeira jornada, apenas em fevereiro o Benfica conheceu o sabor da liderança (Sporting empatou em casa com Rio Ave). O Belenenses foi ousado e quis ter a bola, os encarnados aproveitaram para marcar cinco vezes: Mitroglou fez três e Jonas mais dois.
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Ouch!
Olá, liderança. Adeus, liderança. Porto tira o bombom ao Benfica (fevereiro)
Mitroglou marcou primeiro, andava com o pé quente. O Benfica foi perdoando o dois-zero, enquanto Casillas ia engatando. Depois, Herrera e Aboubakar trocaram as voltas aos mais de 60 mil adeptos na Luz. Conclusão: regresso ao segundo lugar e quinta derrota em cinco jogos grandes para Vitória…
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Quem diria?
Mitroglou resolve em Alvalade e rouba primeiro lugar para a Luz (março)
Ao sexto jogo contra rivais grandes, o Benfica venceu finalmente (Ederson agarrou a baliza aqui). O Sporting foi melhor e mais forte, mas no fim só contam os golos. Jesus acusou Benfica de jogar como uma equipa pequena. Vitória daria troco: “Deve estar a falar do ano passado…”. Aqui mudou o vento. E a liderança.
Filipe Amorim
vs. Zenit
Gaitán e Talisca empurram Benfica para os quartos-de-final da Champions. Venha o Bayern (março)
O Benfica venceu o Zenit de André Villas-Boas na Luz com um golo já depois da hora, de Jonas. Na Rússia, Hulk marcou aos 69′, assustou os portugueses e galvanizou os da casa. Mas quem tem Gaitán, tem esperança. O argentino empatou e aliviou a tensão. O empate chegava, mas Talisca deu a volta no fim…
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Solidez
Benfica esmaga Braga no Estádio da Luz por 5-1 (abril)
Mitroglou, Jonas, Pizzi, Mitroglou e Samaris. Uma exibição sólida e eficaz dos rapazes de Rui Vitória, perante 61.042 adeptos, mostrou que a corrida ao título era coisa séria. E na véspera da viagem a Munique, para os “quartos” da Champions. Uma nota: Vitória não poupou ninguém.
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Cair de pé
Bayern Munique elimina Benfica nos “quartos” da Champions (abril)
Houve coragem, táctica e coração. Esta eliminatória encheu os adeptos de orgulho e ainda os uniu mais à volta da equipa. Em Munique, Vidal resolveu (1-0). Em Lisboa, bávaros e encarnados empataram a duas bolas. Benfica não chegava aos quartos-de-final desde 2012, altura em que caiu com o Chelsea de Di Matteo.
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Tricampeões
Bom dia, 35
Contra todas as previsões, depois de um arranque aos soluços, com derrotas em quase todos os grandes jogos, o Benfica levantou-se e reinventou-se. Corre a teoria por aí que Jesus ajudou jogadores, treinador e adeptos a unirem-se quando estavam quase a quebrar. O Benfica é tricampeão. Não acontecia desde 1977.
ANTÓNIO COTRIM/LUSA