O Governo moçambicano disse hoje que Afonso Dhlakama é livre de sair do seu esconderijo na Gorongosa, centro do país. “Afonso Dhlakama é livre de sair do seu esconderijo, mas o seu ‘status’ já não será mais o mesmo. Não poderá continuar a manter homens armados em Gorongosa, Sandjundgira, Muxúnguè ou em qualquer outro ponto do país. No nosso país, já não há espaço para homens armados da Renamo”, declarou ao jornal Notícias o subchefe da delegação governamental no diálogo com a Renamo.

Gabriel Muthisse respondia ao líder da oposição, que na sexta-feira manifestou a vontade de abandonar o seu esconderijo na serra da Gorongosa e fazer pré-campanha para as eleições gerais de 15 de outubro, acusando o exército de cercar o seu refúgio.

O subchefe da delegação governamental instou, nas declarações ao Notícias, Dhlakama a sair da Gorongosa e levar os homens armados do partido para que sejam integrados nas Forças Armadas e Polícia, ou na vida económica e social do país ou ainda dispersados sem armas se não se necessitar mais da sua colaboração.

Segundo Muthisse, também ministro dos Transportes e Comunicações, as acusações da existência de uma operação de cerco ao líder da Renamo, com vista ao extermínio das forças da oposição, não têm fundamento.

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“As Forças de Defesa e Segurança estão em território moçambicano. Se as retiramos do território nacional vão para onde? Ademais, se Dhlakama sair da Gorongosa vai encontrar membros das Forças de Defesa e Segurança em qualquer parte do território nacional. Se sair da Gorongosa para Beira vai encontrar lá a Polícia e tropas. Se vier para Maputo também vai encontrar tropas e polícias aqui”, afirmou.

A assinatura de um cessar-fogo entre as partes foi também afastada pelo elemento do Governo, que pede à Renamo para “deixar de atacar alvos civis e a Polícia, de emboscar tropas”.

“Se a Renamo fizer isso o país volta à normalidade”, sublinhou Muthisse.

Afonso Dhlakama encontra-se em paradeiro desconhecido na serra da Gorongosa, desde que o acampamento em que vivia, na mesma região, foi ocupado pelo exército moçambicano em outubro do ano passado, na sequência de confrontos com os homens armados da Renamo.

“Eu quero sair daqui de Gorongosa, quero começar a andar, mas o Governo não está a retirar as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, para impedir que eu me movimente”, declarou por telefone a jornalistas reunidos na sexta-feira na sede da Renamo em Maputo.

O líder da Renamo, já anunciado como candidato presidencial do partido, sublinhou que precisa de garantias de segurança, para iniciar a pré-campanha visando as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de 15 de outubro.

Dhlakama afirmou que será “paciente para evitar o pior”, alertando, contudo, que a recusa de garantias de segurança pode conduzir o país para uma situação perigosa.

Afonso Dhlakama reiterou que a Renamo exige a “unificação do exército”, através de uma composição que respeito o Acordo Geral de Paz de 1992, em que 50% dos efetivos do exército sejam do seu movimento e a outra metade seja da Frelimo.

No mesmo dia, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, num comício na província de Gaza, voltou a rejeitar esta proposta, defendendo que “as Forças Armadas são do Estado”.