A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que seja necessário criar 200 milhões de novos empregos nos próximos cinco anos para responder ao ritmo de crescimento da população em idade de trabalhar nos países emergentes e em desenvolvimento.

A OIT lembra que o desemprego jovem supera os 12% nos países em desenvolvimento, numa percentagem três vezes superior à taxa de desemprego nos adultos, encontrando-se as mais elevadas no Medio Oriente e Norte de África, onde um em cada três jovens não consegue encontrar um emprego.

A conclusão faz parte do relatório anual da OIT sobre o trabalho no mundo, que aponta um cenário ainda pior para as mulheres jovens, que enfrentam atualmente nestas regiões taxas de desemprego em torno dos 45%.

Os problemas sociais e de emprego persistem “agudos” na maior parte dos países emergentes e em desenvolvimento.

O relatório sublinha o processo de convergência entre os países em desenvolvimento e as economias mais avançadas, destacando que os países que investem em empregos de qualidade são os que mais progridem.

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Ainda assim, refere a OIT, os problemas sociais e de emprego persistem “agudos” na maior parte dos países emergentes e em desenvolvimento, com mais de metade dos trabalhadores do mundo “em desenvolvimento”, 1.500 milhões de pessoas, em situação laboral “vulnerável”, sem proteção social ou com salários irregulares.

O número de trabalhadores pobres continua também elevado, apesar dos progressos alcançados, com cerca de 839 milhões de trabalhadores (cerca de um terço do total) das economias em desenvolvimento a ganhar menos de 2 dólares ao dia.

Em 2000, no entanto, este número era maior, correspondendo a mais de metade da população empregada.

O nível de educação está a melhorar rapidamente na maioria dos países em desenvolvimento, mas este facto poderá conduzir a que muitos jovens com formação se vejam obrigados a emigrar.

O desafio do emprego é também “qualitativo” para a OIT, que reconhece que o nível de educação está a melhorar rapidamente na maioria dos países em desenvolvimento, mas este facto poderá conduzir a que muitos jovens com formação se vejam obrigados a emigrar (visto não encontrarem emprego no seu país de origem).

“A diferença entre os salários dos países recetores e dos países emissores chega a ser de 10 para 1”, refere a OIT, que estima que em 2013 mais de 230 milhões de pessoas viviam num país que não era aquele onde tinham nascido e que cerca de 50% eram oriundas da Ásia Meridional.

Para enfrentar estes desafios, a OIT recomenda que se promova uma capacidade produtiva diversificada, em vez de se limitar apenas a liberalizar o comércio mundial.

“Apesar da indústria estar tendencialmente mais associada a um crescimento económico e criação de emprego mais rápida, o relatório destaca experiências muito positivas baseadas no desenvolvimento rural e agrícola, no uso eficiente dos recursos naturais e nos serviços que se relacionam com o resto da economia”, refere.

“O crescimento económico não será sustentável se se baseia em condições de trabalho pobres e inseguras”, afirma-se no relatório da OIT.

Deve ainda garantir-se uma evolução equilibrada dos salários para evitar maiores desigualdades, que serão prejudiciais para o crescimento económico, na medida em que o efeito negativo do consumo associado a desigualdades cada vez maiores superará qualquer efeito positivo resultado de uma maior rentabilidade dos investimentos.

Para a OIT, o trabalho decente deveria ser o objetivo fundamental da agenda para o desenvolvimento após 2015.

“O crescimento económico não será sustentável se se baseia em condições de trabalho pobres e inseguras, salários reprimidos, num aumento do número dos trabalhadores pobres e num crescimento das desigualdades”, refere.