A Goldman Sachs (GS) resolveu arruinar a magia do futebol por um bocado. O banco de investimento norte-americano decidiu queimar pestanas, fazer contas e virar do avesso a lógica do futebol. Magia? Esqueçam. Não há táticas, nem atos divinos de Messi, Ronaldo e companhia. Aqui só entram números.
“As previsões para cada jogo são baseadas numa análise regressiva que recorre a toda a história de jogos internacionais — com excepção para jogos particulares — desde 1960. Isto dá-nos 14 mil observações para estimar os coeficientes do nosso modelo. A variável dependente na análise regressiva é o número de golos marcados por cada equipa em todos os jogos”. Esta é a metodologia usada pela multinacional norte-americana.
Vamos ao que interessa. O Brasil é o super favorito com 48,5% de hipóteses de vencer o Campeonato do Mundo. Segundo as contas do GS, os canarinhos vão ultrapassar o Grupo A — Croácia, México e Camarões — sem dificuldades. A que se seguirá a Holanda de Van Gaal, o novo treinador do Manchester United, nos oitavos-de-final, o Uruguai nos quartos e a Alemanha nas meias. “Peanuts” diria Jorge Jesus. O duelo final será diante da Argentina, que concorre, assim, para dar a maior facada da história do futebol sul-americano, tentando imitar o Uruguai em 1950, quando ganhou a final da Copa do Mundo no Maracanã com um golo de Ghiggia.
Então e Portugal? Paulo Bento pode respirar fundo, que chegará até aos quartos-de-final da prova — apenas 0,9% de probabilidades de vencer o Mundial. Não é o topo do mundo, mas também não envergonharia ninguém. O embate Ronaldo-Messi acabará por sorrir ao argentino, diz o Goldman Sachs. Nos oitavos-de-final, os lusos ultrapassarão a Rússia de Fabio Capello.
O segundo candidato é, como já vimos por alcançar a final, a Argentina (14,1%). Seguem-se a Alemanha (11,4%), Espanha (9,8%), Holanda (5,6), Itália (1,5%) e Inglaterra (1,4%). Estes últimos serão a maior desilusão, pois segundo a GS não ganharão qualquer jogo, nem à Costa Rica. Os atuais campeões do mundo e Europa, a Espanha, cairá nas meias-finais contra a Argentina. Mas há também aquelas seleções que, para o estudo, mais valia ficarem num churrasco no Rio de Janeiro a ver o Campeonato do Mundial pela TV. Camarões, Japão, Costa Rica, Honduras, Gana e Argélia recebem um redondo zero nas hipóteses para vencer a competição.
“Para ser claro: o nosso modelo não usa informações sobre a qualidade de equipas ou jogadores individualmente que não estejam refletidos no histórico das equipas. Por exemplo, se um jogador-chave que é responsável pelo sucesso recente da equipa estiver lesionado, isto não terá influência nas nossas previsões. Não há lugar também a julgamentos humanos, já que a abordagem é puramente estatística”, explica a GS. Ou seja, se Ronaldo, Moutinho, Pepe e Rui Patrício se lesionassem, a previsão de Portugal chegar aos quartos-de-final não sofreria qualquer alteração.
Conclusão: nem estamos perante algo do género Professor Bambo, pois há lógica e históricos envolvidos, nem tão pouco estamos perante algo verdadeiramente fiável. No entanto, ao observar as equipas que atingirão os quartos-de-final podemos sorrir e perguntar “por que não?”: Brasil-Uruguai; França-Alemanha; Espanha-Itália; Argentina-Portugal.
A Goldman Sachs desafiou também os seus clientes a montarem um onze ideal. Eis o resultado: Neuer (Bayern/Alemanha), Dani Alves (Barcelona/Brasil), Sergio Ramos (Real Madrid/Espanha), Thiago Silva (PSG/Brasil), Lahm (Bayern/Alemanha), Iniesta (Barcelona/Espanha), Hazard (Chelsea/Bélgica), Ribéry (Bayern/França), Neymar (Barcelona/Brasil), Messi (Barcelona/Argentina) e Ronaldo (Real Madrid/Portugal). Sim senhor, só craques. E quem é que corre para trás? Não importa, para a frente é que é caminho. Afinal, estamos a falar de clientes de um banco de investimento: o risco é com eles.
Equipamento vermelho e árbitros europeus, sim?
Como se não bastassem os cálculos sem fim da Goldman Sachs, surge agora outro homem, um génio da ciência, a prever a fortuna e destino de Inglaterra. Stephen Hawking, um verdadeiro Maradona da ciência, tem analisado as prestações e fatores externos relativos à seleção dos três leões desde o Campeonato do Mundo de 1966, precisamente aquele que foi ganho pela Inglaterra (em casa). Segundo um artigo do Telegraph, Hawking considera que a seleção de Roy Hodgson necessita de jogar com uma temperatura amena, e que basta um aumento de cinco graus para as hipóteses de vencer caírem 59%. As probabilidades de vitória duplicam caso a Inglaterra jogue num estádio a menos de 500 metros de altitude. Bizarro, sim, mas quem vai levantar a voz a esta instituição da ciência?
Mas há mais: as chances dos ingleses aumentam em 1/3 caso as partidas comecem às 15h locais e, atenção a esta, em 1/5 caso joguem com o equipamento vermelho. Porquê? Segundo o mesmo artigo, psicólogos alemães garantem que o vermelho transmite confiança à própria equipa e que os faz parecer mais agressivos aos olhos do adversário. Stephen Hawking aventura-se ainda pelo mundo da tática, qual Mourinho. O cientista considera que o 4-3-3 é mais apropriado para a seleção inglesa do que o tradicional 4-4-2. O “kick and rush” é para esquecer.
E que tal esta para acabar: “Os árbitros europeus são mais simpáticos com o estilo de jogo inglês e menos com as bailarinas como [Luis] Suárez”, disse o professor Hawking ao Telegraph.