O processo de destruição do arsenal de armas químicas da Síria não vai estar terminado antes da data limite de 30 de junho, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas numa carta endereçada ao Conselho de Segurança. A missiva, datada de 23 de maio, acompanha o mais recente relatório da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), segundo o qual 92% do arsenal foi retirado da Síria.

As armas químicas que faltam “estão embaladas e prontas” a serem retiradas assim que as condições de segurança do país o permitam, refere o relatório da OPAQ, divulgado a 27 de abril, um dos vários prazos limite definidos para o termo da operação de retirada das armas químicas que a Síria falhou.

Nestas circunstâncias, escreveu Ban Ki-moon na missiva a que a agência AFP teve acesso, “é imperativo que a Síria termine as operações de retirada das restantes [armas químicas] o mais rapidamente possível”.

“É agora evidente que algumas ações relacionadas com o programa de destruição de armas químicas da Síria vão continuar para lá de 30 de junho”, escreveu o secretário-geral da ONU, afirmando que o trabalho irá continuar, mas por um “período finito”. “Isso também dará tempo suficiente para pôr em prática acordos subsequentes adequados para a OPAQ dar continuidade a residuais atividades de fiscalização no país depois dessa data”, considerou.

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Apoiados pela ONU, Rússia e os Estados Unidos alcançaram um acordo, em setembro do ano passado, depois de Washington ter ameaçado conduzir uma intervenção militar na Síria, que estipulava que todas as armas químicas tinham de ser destruídas até 30 de junho.

As armas químicas que faltam remover – os 8% do total declarado pela Síria ou cerca de 100 toneladas de metros cúbicos – encontram-se num único local, de acordo com as informações divulgadas pela OPAQ.

Ban Ki-moon também expressou preocupação relativamente ao alegado uso de gás cloro na Síria, instando Governo e grupos da oposição a cooperarem plenamente com a missão da OPAQ enviada ao país para investigar se o produto foi usado em ataques.

A missão de investigação foi anunciada no final de abril, depois de a França e de os Estados Unidos terem acusado Damasco de ter utilizado um produto químico industrial em ataques lançados contra os rebeldes no centro do país.

A Síria não tem de declarar o seu ‘stock’ de cloro – um agente tóxico fraco – no quadro do programa de desarmamento químico, uma vez que é amplamente usado para fins comerciais e domésticos.

O conflito na Síria já fez mais de 160.000 mortos e milhões de deslocados e refugiados desde março de 2011.