Milhares de taxistas de grandes cidades europeias mobilizaram-se esta quarta-feira contra a “intrusão” na sua atividade de plataformas ou aplicações de partilha de carros, que não precisam de licença de transporte público. Os taxistas consideram que o recurso a aplicações móveis como a Uber prejudica a sua atividade, apesar de a Comissão Europeia ter considerado que estas aplicações beneficiam o consumidor e fomentam a atividade empreendedora.
Entretanto, a Uber, a empresa norte-americana que deu origem aos protestos do setor dos táxis europeu, emitiu um comunicado no qual classificou de “desmedidas” as mobilizações que ocorreram em várias cidades da Europa.
Os protestos dos taxistas causaram dificuldades no trânsito em algumas cidades europeias, entre as quais Madrid e Barcelona. Em Barcelona, a concentração juntou cerca de 4.000 taxistas em duas manifestações. Em Madrid, as duas maiores associações de táxis iniciaram hoje uma greve de 24 horas. O protesto, que começou às 06:00 de hoje (05:00 em Lisboa), prolonga-se até à mesma hora de quinta-feira.
A greve de Madrid, marcada pela Asociación Gremial de Auto Taxi e a Federación Profesional del Taxi, coincide com manifestações convocadas em toda a Espanha pelas organizações nacionais de táxi Fedetaxi, Unalt, CTE e Uniatramc.
Já em França, registaram-se cerca de 30 quilómetros de fila pela manhã nas várias entradas da cidade de Paris, mais do dobro do registado num dia habitual. Também em Londres, e segundo o sindicato britânico RMT, perto de 10.000 táxis mobilizaram-se na capital do Reino Unido, o que dificultou a circulação em várias ruas da cidade inglesa.
Na Alemanha, mais de 600 taxistas saíram pelas 12:00 (11:00 em Lisboa) de três pontos distintos de Berlim rumo ao estádio olímpico, onde se concentraram. Por último, em Itália, cerca de 5.000 táxis de Milão pararam hoje e só prestaram serviço a idosos, doentes ou incapacitados, enquanto em Nápoles foram 150 os taxistas que desfilaram pelo centro da cidade em protesto contra a Uber.
As aplicações que os taxistas contestam permitem que os utilizadores tenham acesso a transporte em carros privados com condutores previamente inscritos, mas que não necessitam de qualquer licença, que é obrigatória para outros transportes públicos. Aplicações como esta são a ponta de lança da dita “share economy” (economia de partilha) que já abrange serviços como transporte, alimentação e até hotelaria, oferecendo serviços mais baratos aos utilizadores e dinheiro extra aos fornecedores privados do serviço.
No caso dos carros, o aumento do número de utilizadores, em cidades como Madrid e Barcelona, está a suscitar amplas críticas por parte do setor do táxi e dos autocarros, que têm mesmo marcada uma greve para quarta-feira. A posição espanhola contrasta com a da Comissão Europeia, que recentemente considerou que partilhar gastos de viagem em carros particulares, em longas distâncias, não devia ser proibido.