O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou hoje que irá julgar o antigo Presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo por crimes contra a humanidade alegadamente cometidos durante o impasse eleitoral de 2010-2011.
Na reunião que antecede o julgamento, o TPI confirmou “a acusação de quatro crimes contra a humanidade cometidos por Laurent Gbagbo, que será levado a julgamento”, afirmou o TPI numa declaração antecipada. As acusações incluem homicídios, violações e perseguições políticas cometidas durante o período pós-eleitoral em 2011 nesta nação do oeste africano, das quais resultaram mais de 3000 mortos.
Gbagbo, de 69 anos, é o primeiro ex-chefe de estado a ser julgado pelo TPI, sob a acusação de ter promovido uma campanha de violência durante o impasse presidencial na Costa do Marfim. Em 2011, após uma eleição ganha inicialmente pelo seu rival, Alassane Ouattara, atual presidente da Costa do Marfim, Gbagbo pediu uma recontagem dos votos devido a uma possível fraude em nove Estados, conseguindo virar o resultado a seu favor e dando azo a uma onda de violência no país.
Gbagbo insiste que foi retirado do poder devido a uma conspiração liderada pela França, antigo país colonizador, negando as acusações que o apontam como principal responsável pela onda de violência suscitada após a sua recusa em abandonar a presidência, que deteve durante 10 anos.
Gbagbo foi transferido para o TPI em novembro de 2011, mas um pedido da confirmação das acusações apresentado em fevereiro passado levou o procurador chefe do TPI, Fatou Bensouda, a apresentar provas adicionais contra o ex-presidente.
O tribunal adiantou ter analisado declarações de mais de 108 testemunhas, mais de 22000 páginas de provas documentais, assim como uma grande quantidade de material áudio e vídeo. A acusação referiu que Gbagbo construiu um plano para se “manter no poder de qualquer maneira…através de ataques cuidadosamente planeados e executados” contra apoiantes de Ouattara. Entre 28 de novembro de 2010 e 8 de maio de 2011, as forças de Gbagbo mataram entre 706 e 1059 pessoas, além de terem violado mais de 35 mulheres, precisa ainda a acusação.