António Costa disse esta quarta-feira que nestas europeias os “portugueses disseram o que não querem”, mas falta “ainda consumar a rutura” com o atual Governo. Para o candidato à liderança do PS, só mudando de interlocutores é que poderá haver consenso, já que nos últimos anos “tem havido pouca agilidade” nessa procura e só assim é que se podem resolver os “problemas estruturais do país”. Costa lamentou ainda a “dramaticidade do debate político” e a “mentira” que impede qualquer tipo de entendimento.

O presidente da Câmara de Lisboa disse esta quarta-feira num almoço do American Club que o consenso em Portugal “só será possível após a mudança de interlocutores” e que, apesar das europeias terem sido um bom indicador do que os portugueses não querem, a “rutura” só se vai consumar após as eleições legislativas.

“Nas europeias, os portugueses disseram o que não querem, mas a ruptura tem de se consumar. Só a partir dessa rutura é que pode haver consensos. Isso implica uma mudança destes interlocutores, o que só vai acontecer com as próximas eleições”, apontou o oponente de Seguro, falando já como candidato a primeiro-ministro.

No almoço do American Club foi quase recebido como tal, já que antes da sua apresentação, a associação disse estar “muito entusiasmada” com a sua disponibilidade para suceder ao atual secretário-geral do PS. Costa lamentou a “dramaticidade” do discurso político em portugal, dizendo que “a mentira ou falta de verdade” não facilita o diálogo entre os vários partidos.

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Quanto às suas propostas, Costa não insistiu na terceira via, mas disse que em Portugal “nunca tivemos persistência de atacar os problemas de fundo”. “Precisamos de nos concentrar nas causas estruturais do nosso problema, atacar os atrasos estruturais e as limitações estruturais para reagir num quadro mais competitivo”, ressalvou.

Costa aproveitou este almoço para apresentar a sua agenda para os próximos dez anos que incluem a valorização dos recursos do país, a modernização do tecido empresarial, investimento na ciência, na cultura e na educação, assim como o reforço da coesão social. Quanto aos fundos estruturais, o socialista teme que “haja uma oportunidade que está quase em risco de ser perdida”, apontando que este deve ser uma dos temas em que deve “haver um grande acordo político”.

Questionado sobre a ação do Tribunal Constitucional, o socialista disse que “não há aplicação da lei que seja isenta de um quadro valorativo”, mas que o TC tem vindo a “delimitar bem os seus princípios”. Os problemas de interpretação, mesmo sem falar sobre a recusa do TC em aclarar o último acórdão, segundo Costa devem-se às dificuldades “na leitura do que diz o Tribunal”.