Numa escuta divulgada este fim-de-semana, o ministro dos Negócios Estrangeiros polaco e possível sucessor de Catherine Ashton na União Europeia, Radek Sikorski, diz que a relação do seu país com os Estados Unidos é “inútil” e que a Polónia tem sido “escrava” dos norte-americanos. Esta divulgação acontece poucos dias depois de também ter sido conhecida uma conversa entre o ministro do interior polaco e o governador do Banco Central da Polónia sobre o apoio desta instituição ao governo de Donald Tusk. Oposição pede eleições antecipadas.
A revista Wprost publicou novamente transcrições de conversas privadas dos ministros polacos e desta vez, o visado foi o ministro dos Negócios Estrangeiros. Radek Sikorski diz alegadamente que a relação da Polónia com os Estados Unidos é “inútil” já que dá “uma falsa sensação de segurança” e leva a conflitos constantes com a Alemanha e com a Rússia.
O ministro, apontado como possível sucessor de Catherine Ashton, atual Alta Representante da União Europeia dos Negócios Estrangeiros e da Política de Segurança, diz ainda que os polacos são “otários”. “O problema da Polónia e que temos um orgulho superficial e pouca auto-estima” critica o ministro, durante uma conversa privada gravada. O assessor do ministro já veio dizer que estas declarações foram tiradas do contexto, não negando, no entanto, o seu conteúdo.
O governo liderado pelo primeiro-ministro Donald Tusk pede agora que a Wprost divulgue o conteúdo da conversa na íntegra, depois de na semana passada a polícia ter revistado as instalações da revista por causa de outra escuta em que o ministro do Interior procurava apoio ao governo junto do governador do Banco Central da Polónia, um cargo marcado pela independência do poder político.
“Eleições antecipadas são efinitivamente necessárias, mas precisam de ser realizadas num ambente em que se consiga por parte do atual Governo um clima de honestidade e garantia da veracidade dos resultados” sublinhou Jaroslaw Kaczynski, líder do partido Lei e Justiça, principal partido da oposição na Polónia. Tusk já disse que não vai abandonar o poder e decidiu não sancionar nenhum dos ministros já que, segundo o primeiro-ministro polaco, as conversas eram privadas e não há nelas qualquer matéria que constitua crime.